domingo, 5 de julho de 2020

Humanos são superiores aos outros animais? ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira

UMA DAS MORTES que mais me abalou durante a vida foi a do meu “filho” BOLA, um lindo cachorro boxer, com 12 anos. Ele era filho da MEL, que também viveu na minha “querência”, e que morreu 3 anos antes. Não tinha cena mais linda nesse mundo do que ver essa “dupla” correndo, lado a lado, atrás de um objetivo comum, geralmente um ouriço, tatu, lagarto, gambá, capivara, lontra, gato, ou qualquer outro “intruso” que ousasse entrar nos seus territórios. Nosso “habitat” era a Região das Lagoas, no Litoral Norte do RS. Nunca os tratei como “animais”, na forma como mandam os manuais feitos pelos homens. Apesar de terem sido “adestrados”, isso não funcionou. Eles eram livres e rebeldes. Faziam o contrário dos tais “comandos”. Sempre os considerei “iguais”. Comprovei durante suas vidas que realmente fazem jus à fama de melhores amigos do homem. Dentre os seres vivos, sem dúvida são os mais confiáveis.
Esses meus “filhos” foram de extrema importância para que eu solidificasse a convicção de nunca considerar os seres humanos superiores aos outros animais, e também aos eventuais outros seres vivos de qualquer ponto de todas as galáxias. 
É evidente que essa inexplicável conclusão sobre a “superioridade” do homem é pura construção humana, sem qualquer fundamento na realidade. Em primeiro lugar, o homem, assim como o conhecemos, é um ser muito recente no Planeta Terra. Talvez chegue a uns dez ou vinte mil anos. A Terra tem 5 bilhões de anos. É como “um segundo” no relógio de 24 horas. E “antes”, como era? E “depois” - daqui a milhões, ou bilhões de anos - como será? 
Essa estúpida pretensão humana de ser “superior” aos outros animais da Terra pode ser provada, inclusive, pelas duas “declarações universais de direitos”, sendo a primeira, dos “DIREITOS HUMANOS”, da ONU, em 1948, e a outra dos “DIREITOS DOS ANIMAIS”, da UNESCO, em 1978. Ocorre que tanto uma, quanto a outra, foram redigidas pelos humanos. Mas na declaração respeitante aos animais, o homem simplesmente se arvorou numa “representação” que nunca lhe foi outorgada. Não poderia, portanto, ”declarar” nada em nome dos “outros” animais. Agiu como um “procurador”, sem procuração. O simples fato da alegação que os animais não podem se comunicar com os humanos, assim como eles se comunicam entre si, não seria argumento válido. Isso não autorizaria que um falasse pelo outro. Essa declaração de “direitos” dos animais não poderia passar de recomendações, de humanos para humanos, de como proceder com os animais. Jamais de uma declaração “deles”, animais. O simples fato de haver duas “declarações”, uma para cada espécie, a humana, e a animal, já significa discriminação de um sobre o outro. O que é difícil compreender são as causas pelas quais a ciência está tão avançada em certas áreas, e ao mesmo tempo ignora quase completamente as questões que envolvem a natureza humana, tanto restritivamente ao Planeta Terra, quanto na relação com o Universo. Será que o “deus” concebido pelos humanos seria o mesmo que o de outros seres vivos de pontos distintos do Universo que, certamente, também têm vidas inteligentes? Qual o “deus” verdadeiro? O da Terra? O das civilizações extraterrestres? 
De outra banda, os animais não integram como SUJEITOS a história escrita pelos homens. São seus OBJETOS. Essa posição é “privilégio” só humano. Seus únicos direitos são os de ficar gravados na memória daqueles que os amaram. 
Será que a pretensa superioridade humana alegada frente aos outros animais teria procedência extensiva aos outros seres “humanos”, ou similares, do Universo? Que reação teria o homem quando descobrisse outras vidas inteligentes no cosmos? Abandonaria as convicções religiosas formadas aqui na Terra? Incorporaria “teologias” diferentes, eventualmente mais avançadas?
Os seres ditos inteligentes daqui seriam superiores aos seres inteligentes de outros mundos? Ou “inferiores”? Qual a concepção que teriam os outros animais terrestres, nossos irmãos de planeta, nos limites da inteligência de cada um, sobre essas questões todas?
Mais: qual o POSTO do homem durante o seu “reinado” na Terra, e nos outros tempos? E no “Cosmos”, qual o seu posto?
Mas de todas essas crenças egoístas e estúpidas, partidas da mente humana, a campeã mesmo é aquela que garante uma vida espiritual posterior à morte “exclusivamente” para o homem, já que os animais “não teriam” alma, ou espírito. Outras vidas, inclusive inteligentes, de outros pontos do universo, também não existiriam? Seriam equivalentes aos animais aqui da Terra?
Sabe-se que diversas experiências PARANORMAIS, tanto científicas, quanto religiosas, apontam na direção de algum tipo de vida espiritual “post mortem”, para humanos. E para os outros animais? Onde estão os estudos e os relatos de experiências? Por quê a resistência em admitir iguais destinos após a morte para animais humanos e não-humanos? Por quê tanto a ciência, quanto as religiões, não se preocupam em desenvolver estudos sérios sobre a possível paranormalidade e espiritualidade animal? Quando tirarão a enorme pedra que está em cima do assunto?
Com a finalidade de colaborar com eventuais estudos sobre esse nebuloso tema, empresto meu testemunho pessoal. Não tenho dotes paranormais, nem poderes “mediúnicos”. Porém consegui manter alguns contatos “relâmpagos” com o “Bola”, alguns dias depois de morto, visuais uns, sonoros outros, na certeza de que “ele” estava procurando algum contato. O mesmo ocorreu com minha mulher, Rosemarí, que tem dotes mediúnicos e é espírita. Um dia, talvez num longínquo futuro, esse tipo de fenômeno será incorporado pelas religiões, e esclarecido pela ciência.
Todas essas indagações são para tentar provar que apesar de toda a cultura e sabedoria produzida pela espécie humana, a única verdade que pode ser afirmada com certeza é que POUCO SOMOS E SABEMOS QUASE NADA.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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