quarta-feira, 1 de julho de 2020

Só uma democracia deturpada poderia eleger Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, e Temer ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira

Vou correr para escrever e publicar logo esse texto antes que “Suas Excelências” aprovem o PL da “Censura” (PL 2630) e, em decorrência desse “crime” que estou cometendo, seja decretada a minha prisão, em homenagem à “liberdade constitucional de pensamento e sua expressão”.
Fico pasmo com a guerra deflagrada entre os apoiadores do Presidente Jair Bolsonaro e os seus opositores, cada qual reivindicando para si próprio a qualidade de “democrata”, excluindo o “concorrente” dessa condição.
Para os bolsonaristas, a oposição, predominantemente de esquerda, não passa de um bando de ladrões que destruíram o país; por seu turno, os seus opositores, da esquerda, denunciam o espírito “ditatorial” como principal marca do governo. Em suma, cada qual se julga mais “democrata” que o outro !!!
Bolsonaro usa como argumento da sua “democracia” a vitória que teve no pleito eleitoral de outubro de 2018, derrotando o candidato de esquerda, Fernando Haddad. E a esquerda se julga ser só ela mesma a “democrata”, porque o governo federal estaria montado com muitos militares à sua volta, com isso insinuando que seria a reimplantação do Regime Militar de 1964.
A verdade é que os dois lados reivindicam, concomitantemente, a titularidade de defensor da democracia.
Mas da mesma forma que a gente deve desconfiar daquele sujeito que em todas oportunidades que lhe surgem faz absoluta questão de sempre dizer bem alto que é “honesto”, quando na maioria dos casos é exatamente o contrário, com a democracia se dá o mesmo. Quanto mais o “cara” grita que é um democrata, provavelmente menos democrata ele será.
Há poucos dias tive a (in)felicidade de assistir o ridículo de uma enorme quadrilha de “esquerdopatas”, composta por autoridades e ex-autoridades públicas, políticos, artistas, ”famosos”, e outros “bagulhos” mais, que não deixaram nenhuma “saudade” enquanto estiveram no ou ao lado do poder, defendendo uma “democracia”, que no frigir dos ovos se confunde com os seus próprios interesses, em grande parte “feridos” por perderem a “teta” governamental onde sempre mamaram e roubaram ,em 1º de janeiro de 2019.
Mas tenho para mim que nenhum desses dois grupos, situação, ou oposição, é verdadeiramente “democrata”, seja por contrariá-la, na prática, seja por não possuir a mínima noção do que seja a verdadeira democracia, embora possam preencher e se enquadrar nos falsos requisitos da sua definição previstos nas leis, nos manuais políticos, e nos “discursos” “democráticos” dos políticos delinquentes que dela fazem uma profissão permanente.
Uma verdadeira democracia pressupõe “qualidades democráticas” nos seus dois polos, primeiro no eleitorado, depois nos políticos concorrentes a algum cargo eletivo nos poderes executivo ou legislativo. Mas geralmente a “qualidade” dos políticos eleitos vai estar em estreita sintonia com a “qualidade” dos seus eleitores. Bons eleitores, escolhem bons políticos. Mas o contrário também acontece. E acontece muito. Particularmente no Brasil. Não fora isso, o povo brasileiro não teria sido “contemplado” com o “lixo” humano que o presidiu, de 1985 a 2018.
Nelson Rodrigues deixou uma frase que ficou imortalizada: ”A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade”. Também o filósofo francês Joseph Marie de Maistre andou “garimpando” esse assunto, garantido que “o povo tem o governo que merece”.
Não basta, por conseguinte, previsão na constituição e nas leis para configurar uma verdadeira democracia, a qual na prática só se mostra útil para o bem comum quando as duas partes nela envolvidas possuem “qualidades” democráticas.
O filósofo Aristóteles, da Antiga Grécia, desenhou bem essa situação. Em “Política”, ele classificou as formas de governo em duas grandes vertentes: as formas PURAS e as IMPURAS. Na primeira (PURAS), estariam a “Monarquia” (governo de um só), a “Aristocracia”(governo dos melhores),e a “Democracia”( (governo do povo) ; nas segundas (FORMAS IMPURAS), que respectivamente seriam as formas corrompidas das primeiras, estariam a “Tirania” (tipo ditadura),a “Oligarquia” (degeneração da oligarquia); e a “Demagogia”(corrupção da democracia).
Mais tarde o geógrafo e historiador também da Antiga Grécia, Políbio, manteve a classificação aristotélica, porém substituiu a “demagogia” pelo que ele chamou de OCLOCRACIA, com isso “ampliando” os vícios da democracia. Na oclocracia são chamados a fazer política exatamente a pior escória da sociedade. E parece não ser preciso ir muito longe para detectá-la “ao vivo”.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

Um comentário:

Marat da Silva disse...

Sarney foi erro de percurso, com a morte de Tancredo, que não havia ainda assumido, tomado posse, diplomado, fosse o que fosse, fora apenas ELEITO. Diante desse fato, a pela CF à época, Sarney como vice na chapa não poderia ter assumido à presidência, deveria ter ocorrido novo pleito.