O presidente da França, Emmanuel Macron, e seu governo, declararam tempos atrás uma curiosa temporada de hostilidades contra o Brasil. O motivo, como talvez ainda se lembre, é que os brasileiros (com o incentivo implícito do governo) estavam tocando fogo na Amazônia e, em consequência disso, a humanidade estaria ameaçada de ficar sem oxigênio para respirar. “A Amazônia está queimando”, disse o presidente.
Macron pediu na hora uma “intervenção internacional” na região – ou na Amazônia brasileira, pelo que foi possível entender. Cobrou da União Europeia ações contra o Brasil. Desde então, tem pressionado os demais países da Europa a não aplicar o último grande tratado comercial que assinaram com países sul-americanos, e pelo qual se estabelecem cortes em impostos que incidem sobre as exportações brasileiras.
Assim como há a “tempestade perfeita”, tratava-se de uma mentira perfeita. O presidente, ao apresentar a sua acusação, fez divulgar a foto de uma queimada que estaria ocorrendo naquele exato momento na Amazônia – só que a foto, como se descobriu instantes depois, foi tirada 20 anos atrás. Mas e daí? Para que reparar uma mentira, se a maioria das pessoas quer acreditar nela? Além disso, a denúncia dava a entender que a culpa seria do presidente Jair Bolsonaro – e falar mal dele, sobre qualquer coisa, dá cartaz automático hoje em dia. É contra Bolsonaro? Então deve ser verdade.
Desde sempre esteve claro que o motivo real desses ataques de nervos era o agronegócio brasileiro – que desagrada cada vez mais o governo da França, por estar custando cada vez mais caro ao Tesouro francês na forma de subsídios pagos aos produtores de grãos franceses. É uma luta pouco promissora.
J. R. Guzzo - Jornalista
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