sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Os diferentes "Mourões" de ontem e de hoje ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira

Se porventura se comparar as atitudes dos generais Olimpio Mourão Filho, na instalação do Regime Militar de 1964, e do atual vice-Presidente da República, o também general Antônio Hamilton Martins Mourão, no que pertine à quase total ingovernabilidade suportada pelo Presidente Jair Bolsonaro, em vista das sabotagens, boicotes e todo tipo de “sacanagem” contra o seu governo, provocados a partir da esquerda, do Congresso Nacional (Câmara e Senado), e do Supremo Tribunal Federal, dentre “outros”, somado ao irrestrito apoio “logístico” de autoridades dos diversos órgãos públicos “aparelhados” desde a famigerada “Nova República”, implantada em 1985, só afastada, assim mesmo, “parcialmente”, do poder, em 1º de janeiro de 2019, com a eleição e posse do Presidente Bolsonaro, certamente conseguiremos “destrinchar” os diferentes “perfis” das Forças Armadas nessas duas fases históricas. 
Com absoluta certeza podemos antecipar que “antes” a farda militar era privativa de “machos” (evidente que não no sentido sexual da palavra, ou mesmo de “gênero”, porém na concepção “figurada”, de “valentia”, de “patriotismo”, dedicação à pátria), e verdadeiros defensores da pátria. Hoje essas principais características que marcaram os militares “de 64”seriam questionáveis. 
Os dois generais alvos dessa comparação talvez possam ser o ponto de partida dessa discussão. 
“Matando a cobra e mostrando o pau”!!! 
O “Comício da Central”, ou “Das Reformas” (CGT), realizado em 13 de março de 1964, no Rio de Janeiro, com cerca de 150 mil participantes, para ouvirem os discursos “agitadores” dos então Presidente da República , João Goulart, e do ex-Governador gaúcho, deputado federal Leonel Brizola, anunciando, sem “meias palavras”, as chamadas “reformas de base”, a instalação da “República Sindicalista”, o fechamento do Congresso, com imediata convocação de assembleia nacional constituinte, e implantação de várias medidas flagrantemente “comunistas”, certamente foi a “gota d’água” que mobilizou as forças políticas conservadoras e as próprias Forças Armadas a reagirem contra essas propostas comunistas e agitadoras, que afrontavam a ordem, a lei, e a garantia dos poderes constitucionais, conforme autorizavam expressamente os artigos 176 e 177 da Constituição de 1946, vigente à época. E à semelhança de hoje, conforme previsão do artigo 142 da CF de 1988, também autorizavam as Forças Armadas a “intervir”, nessas hipóteses. 
Ora, se por um lado o “Comício da Central”, de 13 de março de 1964, teria sido o “estopim” da reação cívico-militar, de 31 de março de 1964, a “Circular Reservada do General Castello Branco, Chefe do Estado Maior do Exército, de 20 de março, convocando as FA para que garantissem os poderes constitucionais e a aplicação da lei, acabou abrindo as portas militares para essa reação. 
Em 28 de março, 15 dias após a “circular” de Castello Branco, os generais Olimpio Mourão Filho, Comandante da 4ª Divisão de Infantaria, sediada em Juiz de Fora/MG, e Odilio Denys, ex-Ministro da Guerra, se reuniram com o governador mineiro José de Magalhães Pinto, em Juiz de Fora, onde discutiram a derrubada do Governo Goulart, incialmente programada para 4 de abril. E no dia 30 de março, houve nova reunião, em Belo Horizonte, entre o governador mineiro e outros generais. 
Mas o General Olimpio estava “apressado”. Pressentiu que se esperassem mais a “revolução” poderia não prosperar. Deflagrou, então, na ”marra”, no “peito”, e na “raça”, a “Operação Popeye”, na madrugada de 31 de março de 1964, colocando em marcha 6 mil militares, em direção ao Rio de Janeiro. Sabedores desse “deslocamento”, o 1º Exército, do Rio de Janeiro, recebeu ordens de interceptar a marcha do General Olimpio, ordem essa que não foi atendida, com adesão dessas forças à causa “revolucionária” de 1964. Jango foi deposto e fugiu direto para o exílio. 
As diferenças, portanto, entre os generais Olimpio Mourão Filho, de 1964, e Hamilton Mourão, de 2020, residem mais nas atitudes de ambos ante as ameaças comunistas nas duas épocas. O primeiro enfrentou-as. Hamilton Mourão acabou se aliando às forças comunistas “modernas”, especialmente “chinesas”, ornando-se uma espécie de “garoto propaganda” (governamental) dos interesses da empresa chinesa Hauwei, no Brasil, relativos à implantação da 5ª Geração (5G) da telefonia móvel, apesar dos inúmeros riscos que essa “entrega” certamente provocaria à própria segurança e soberania nacionais. 
E lamentavelmente parece que os setores de inteligência das Forças Armadas não enxergam e estão totalmente “alienados”, frente a essa iminente ameaça contra os interesses nacionais. Olimpio Mourão Filho, era homem de atitudes, de ação, enquanto o “outro” é “bom”, mas nas palavras, nos discursos, e nas palestras que dá, como fez antes no CPOR, de Porto Alegre, e mais recentemente na Maçonaria e diversas outras entidades representativas da sociedade. Nisso, realmente, o general Hamilton é ”imbatível” !!! 
Por último, há que se considerar que a “ameaça” comunista de 1964 pode ser considerada verdadeiro brinquedinho de criança perto da que hoje está às nossas portas. Em 64 os planos comunistas eram mais de ordem “interna”, ”artesanais”, ”amadores”, ao passo que hoje o comunismo, na versão do ditador Xi Jinping, do Partido Comunista Chinês, e da Nova Ordem Mundial, que caminham “associados”, vindos de “fora”, penetram livremente dentro das fronteiras brasileiras, não só sem qualquer restrição oficial, mas com muito mais ajuda interna do que do teve antes na tentativa frustrada de 1964. 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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