O Ministério Público de São Paulo recebeu representação contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que investigue suposto favorecimento na gestão do tucano em prol do grupo empresarial Lide, criado por ele em 2003, e que tem como dirigente seu filho, João Doria Neto.
Os autores do requerimento desta terça-feira (27), os deputados estaduais Paulo Fiorilo e Mário Maurici, ambos do PT, apontam atos de improbidade administrativa na Gestão Doria. A representação é baseada em matéria publicada na revista Crusoè, da semana passada, que detalha “constante interrelação entre o grupo Lide, Lide China e o Governo do Estado de São Paulo”.
A revista denunciou que João Doria ofereceu uma recepção, em 2019, no Palácio dos Bandeirantes, que foi promovida pelo advogado Marcelo Braga Nascimento, presidente do Lide China. O advogado é amigo pessoal de Doria.
Nascimento presidiu a Lide China, que é filial do grupo para negócios e relações entre o Brasil e o país asiático, até o dia 22 de abril deste ano.
O advogado assumiu a presidência do Lide China, em julho de 2017, no mesmo mês em que o governador de São Paulo fez sua primeira viagem oficial ao país, como prefeito da capital paulista, e “o objetivo de vender uma carteira de projetos de parceria público-privada e de privatizações”.
Em agosto do mesmo ano, já como governador, Doria promoveu uma viagem à China com 40 empresários. A expedição que ele mesmo batizou como “Missão China”, foi destinada a “ampliar cooperação e atrair investimentos”. A partir daquele momento que Doria inaugurou o escritório da agência de fomento do governo paulista, a InvestSP, em Xangai, para ser um “ponto de apoio para as empresas brasileiras”.
“O que vemos na prática é que o Governador João Doria nunca deixou sua frente privada de negócios de lado. Ele mantém despachos frequentes com Celia Pompeia, vice-presidente executiva do grupo, e transferiu sua participação societária nas empresas para o filho mais velho, João Doria Neto”, diz a denúncia dos parlamentares.
Como fator que comprova a estreita ligação entre Doria e a atuação do grupo, ”a seção oriental do Lide fica com a receita das anuidades pagas pelas empresas filiadas – hoje, são 30 companhias – e repassa uma parte do dinheiro à matriz, onde atua o filho de Doria, pelo uso da marca”.
“Alguns dos pagamentos recebidos pelo escritório, em 2018, que vão de alguns milhares a 2,3 milhões de reais, foram feitos por empresas que possuem concessão de rodovias, uma empreiteira que venceu recentemente a licitação de uma obra do metrô do governo paulista”, detalha.
Os deputados afirmam que há indícios de atos dolosos “seja com a nítida intenção de favorecer um grupo, seja em deliberadamente atentar contra a administração pública”. E que é preciso investigar com urgência “se há mistura entre os interesses do grupo Lide, do conglomerado empresarial de João Doria e os interesses do Estado de São Paulo; com a responsabilização do Sr. Governador e outros que tenham agido conjuntamente por violação aos mandamentos constitucionais”.
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