quarta-feira, 28 de abril de 2021

CPI da COVID: o circo está armado. Falta escolher o palhaço

 
Observando a movimentação das peças do jogo político da CPI da COVID, a conclusão é óbvia: o circo está armado. Resta saber qual o palhaço que levará um pé na bunda para delírio do “respeitável público”, na melhor tradição circense.
Vamos lá
A Comissão é composta por onze senadores, dos quais quatro são próximos ao Palácio do Planalto: Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO). Os demais são: dois oposicionistas declarados; três independentes próximos à oposição; e dois nomes considerados independentes. Dessa ala, destaco dois nomes: Humberto Costa (PT/PE), veterano tocador de berrante para o gado lulista e a velha raposa Tasso Jereissati (PSDB/CE), à espreita de uma candidatura tucana à presidência em 2022.
A turma da pesada.
E chegamos ao cargos principais, o de presidente, vice e relator da comissão.
Omar Aziz (PSD/AM), presidente: foi governador do Amazonas de 2011 a 2014, quando foi alvo de apurações de irregularidades e suspeitas de desvios na área de saúde, justamente o assunto que agora deve ser investigado na CPI da Covid.
Sua mulher, três irmãos seus e um ex-chefe de gabinete chegaram a ser presos, em 2019. As apurações indicaram a atuação de um grupo que desviava recursos por meio de contratos firmados com o governo para a gestão de unidades de saúde.
O Ministério Público Federal estima que o montante desviado tenha sido de pelo menos R$ 100 milhões. A investigação aponta suspeitas de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Randolfe Rodrigues (REDE/AP), vice presidente: é o único parlamentar do partido de Marina Silva no Congresso. O Rede, aliás, tem driblado a falta de representação com ações junto ao STF. Várias das decisões recentes do Supremo, que interferiram diretamente no Executivo e Legislativo, tem origem em ações apresentadas pelo partido.
Em conversa com o senador Kajuru, que divulgou o áudio, Bolsonaro referiu-se assim sobre o representante do Amapá:
“Se você [Kajuru] não participar [da CPI], a ‘canalhada’ do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí vou ter que sair na porrada com um bosta desses,”
Renan Calheiros MDB/AL), relator: pai do atual governador alagoano, Renan Filho e próximo de Lula. Investigado na Lava Jato, é reu no STF por corrupção, em processo que dormita nas gavetas da Suprema Corte. Em seu discurso inicial como relator, Renan Calheiros fez um ataque indireto a Eduardo Pazuello e criticou Moro, Dallagnol e o “power-point” da Lava Jato.
Chamou Bolsonaro de “charlatão” recentemente, por ter “prescrito” remédios sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus. Apesar disso, tem repetido que a comissão será “santuário da ciência” e terá atuação “isenta” e “técnica”. Hãhã…
Vamos combinar
O “mito” foi pródigo ao produzir as besteiras e asnices que levaram ao quadro atual. Esticou a corda o quanto pode, mas calculou mal os riscos, se é que os avaliou. Está claro hoje que a resistência à compra de vacinas ano passado não foi apenas uma falácia. Inegavelmente, as negociações para aquisição dos imunizantes foram conduzidas de maneira desastrosa pelo Ministério da Saúde.
Se Pazuello, “o especialista em gestão”,desse mais importância aos técnicos de seu ministério do que às sandices do chefe, a reposta do País ante a pandemia teria sido muito mais efetiva. Resultado: foi catapultado do cargo e virou alvo da CPI.
Nota à margem: a máxima de Pazuello -“um manda, o outro obedece”- parece valer só pare ele mesmo, pois, em depoimento à PF, tratou de transferir a responsabilidade das trapalhadas em Manaus aos seus subordinados na Saúde e ao governo do Amazonas.
Aviso aos navegantes!
Os senadores não estão nem aí para as trapalhadas de governadores e prefeitos. Até os sabiás-laranjeiras aqui do pátio de casa sabem disso!
Por una cabeza
À esta altura, Bolsonaro deve torcer para que a cabeça de um general – da ativa, é bom lembrar! – seja suficiente para aplacar a sede de sangue de Renan e Cia.

Nenhum comentário: