sábado, 15 de agosto de 2020

Será que existe sentimento de racismo na AMAN? ✰ Artigo de Alan Cunha

Sobre essa coisa do Racismo.
Sempre me considerei Negão, meu pai é preto, meu avô era preto.
Meu bisavô, ex-escravo, fugiu com a filha do Senhor de Engenho pra morar na favela...
Resultado disso? Sempre lutamos, nunca fomos ricos...
Meu pai morava na beira da maré e estudava sob a luz de um candeeiro, seu primeiro salário não virou festa nem bebida. Virou Energia e uma lâmpada dentro de casa.
Por opção, por amor ou na base da cinta de couro, há três gerações, é entendido na família a importância de estudar.
A geração das minhas filhas é a que vive melhor de todas as que conheci.
Hoje, continuo chegando em casa, (estressado por tudo que estamos vivendo e sendo desafiados todo dia) e pegando os livros de caligrafia, fonética, tabuadas e de matemática e ficando duas horas com elas. Sempre no mesmo horário, passando as matérias. E no meio da "aula" ensino a valorizar o que é importante na vida, e o que é ser importante na vida.
Tento, pelo menos! Afinal, nem tudo me é certeza.
Para se saber o que é ser preto! Você tem que ser! Entrar numa loja e ser seguido por seguranças, seus amigos, não.
Perguntam-lhe o que está fazendo ali parado, quando você está só esperando sua 'novinha'.
Mas como isso te atingirá, vai de nós mesmos. Podemos achar que é normal, que eles estão fazendo a parte deles. Cuidam da sua segurança e do seu patrimônio ou achar que o mundo está contra nós.
Gosto do Senhor King (Martin Luther King), quando disse algo, como: "Seja educado e seja cortês, mas se puserem a mão em você, ponha-os para dormir "
Eu penso isso! Se a vida te bate, bata na vida, com mais força.
Foi pensando assim que consegui estudar numa escola militar como a Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN. Lá, acreditem! Nunca senti qualquer tipo de discriminação.
Na Academia somos testados e levados aos nossos limites 24 horas, 7 dias por semana. O que é testado, é a determinação e a garra de cada um.
E, o que mais nos dá forças, são os amigos, mais tarde, chamados de irmãos. Irmãos de cidades, cores, origens e pedigree, totalmente, diferentes, mas no fim, iguais.
Quer saber o que é viver em um ambiente como esse? Corra atrás! Não importa a procedência ou a cor! Negro, branco, pobre ou rico, o importante é tentar. Portanto, tente ser cadete, é uma experiência muito interessante! Você nunca esquecerá,
Mas não se engane, o resto todo é luta! 
Brasil acima de tudo!
Alan Cunha - ex-Cadete (Texto Recebido por E-mail). 
Lembrem-se, no Brasil, de acordo com a Constituição de 1988, a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

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