De acordo com dados do Jornal do Senado, estima-se que entre 4 e 6 milhões de brasileiros sofram com o distúrbio chamado síndrome ou transtorno do pânico.
Os índices divulgados são anteriores ao aparecimento do Covid-19.
Em decorrência do alarde global e pela rapidez com que o vírus se alastra, os números poderão aumentar consideravelmente.
O pânico que está sendo gerado entorno do novo vírus cria realidades alternativas que dificultam a racionalidade e embora não estejamos, por enquanto, a viver uma situação de pânico generalizada, essa situação pode vir a acontecer.
O cenário atual de fortes incertezas poderá resultar num aumento dos números de casos de Síndrome do Pânico no mundo todo, pois a determinação de isolamento vem gerando um transtorno que se acentua a cada nova notícia divulgada pela imprensa mundial, visto que não existe uma previsão de quando isso tudo terminará. E se terminará.
O mundo todo já vinha enfrentando uma crise severa, mas alguns países como o Brasil estavam conseguindo fazer um caminho inverso e vinha registrando índices tímidos de crescimento quando o vírus apareceu.
O despreparo mundial para lidar com um vírus desconhecido teve impacto direto na economia de todos os países e o Brasil se vê de novo tendo que recomeçar, com o agravante de uma economia que sofreu um forte impacto nos últimos anos com os desdobramentos dos escândalos de corrupção envolvendo a classe política e empresarial.
A população, que estava se sentindo confiante e esperando uma melhora significativa, agora se vê preocupada e com medo do futuro.
As plataformas de mídia social lançam alertas a todo o momento e o volume de informação sobre o tema gera angustia e contribui para que grande parte da população comece a temer o pior.
O mal estar permanente gera tristeza e desânimo. Se somarmos as condições emocionais e físicas de pessoas que já estão em tratamento (como é o caso das pessoas hipocondríacas, depressivas e com síndrome do pânico) o panorama piora.
Dá pra imaginar o que será dessas pessoas que enfrentam cotidianamente essas doenças quando foram obrigadas a conviver nesse novo cenário mundial?
Para pessoas que já se encontram emocionalmente fragilizadas, o pânico pode chegar a extremos podendo resultar até mesmo em tragédias coletivas.
Cada um poderá adotar um comportamento diferente de acordo com a sua personalidade, que é resultante da sua história de vida, das suas experiências e nuances psicológicas.
Há quem, em pânico, vá saquear, outros, atingir de maneira negativa o seu próximo, e alguns, em total desespero, podem até atentar contra a própria vida.
Posto que, por esses motivos, os índices de desistência da vida podem também aumentar assustadoramente.
O nível de descontrole emocional de algumas pessoas é tão grande que quando confrontadas com algo alarmante como o coronavírus, o nível de fobia e pânico aumenta de maneira exorbitante que chegam até mesmo a experimentar sintomas físicos de doenças.
Algumas sentem náuseas mesmo sem chegar ao vômito, outras sentem dormência nos membros, dificuldade de locomoção, formigamento, entre outras coisas.
E mesmo que os sintomas não estejam relacionados a uma doença mais séria e com diagnóstico comprovado, eles estão de fato a acontecer naquele indivíduo.
É o pânico tomando conta dele, se sobrepondo à racionalidade.
O pânico também pode ocasionar problemas mentais como acionar uma doença pré existente que precisava de um um pico no sistema nervoso para aparecer.
Também pode ocasionar problemas cardíacos e traumas psicológicos que irão afetar toda a vida da pessoa.
Uma coisa é certa, o pico de pânico resultará em uma mudança no indivíduo, seja leve ou mais forte e, certamente, esse indivíduo não conseguirá mais viver sem ajuda profissional.
Todos sofremos os impactos da história da humanidade como guerras e surtos de doenças, e somos o resultado delas.
Este impacto fica impresso no nosso código genético e é passado de geração em geração.
Nada, absolutamente nada, que acontece em nossas vidas, passa despercebido em nossa vida presente ou nas futuras gerações.
Casos que já estão mais avançados pedem acompanhamento profissional urgente, mas algumas pessoas que estão se sentindo temerosas e que ainda não se sentem em pânico, podem sentir alguma melhoria no seu estado atual se começar a estabelecer algumas mudanças na rotina diária, fazendo com ela se torne mais leve e proveitosa.
Fabiano de Abreu – psicanalista clínico, jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e personal branding luso-brasileiro
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