terça-feira, 15 de setembro de 2020

O "mundo errou" ao recomendar que pacientes esperassem ter falta de ar, considera secretário da Saúde do Ceará sobre a pandemia

Em entrevista coletiva, Dr. Cabeto ressaltou que tratamento precoce do paciente melhora condições clínicas. Para ele, equívoco foi cometido também pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA.

Um dia antes de o Ceará completar seis meses da pandemia de Covid-19, o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins, o Dr. Cabeto, fez um balanço das ações voltadas ao enfrentamento do novo coronavírus. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (14), ele afirmou que a "forma de comunicação inicial", ainda no mês de março, quando foram confirmados os primeiros infectados, poderia ter sido mais assertiva.
Isso porque, à época, o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) orientava que apenas pessoas do grupo de risco ou aquelas que apresentassem sintomas graves da doença deveriam procurar uma unidade hospitalar. Já os pacientes gripados, assintomáticos e os não graves poderiam permanecer em casa.
Atualmente, contudo, Dr. Cabeto julga essa recomendação como um erro ocorrido não só no Ceará, mas em escala global. Para ele, também se equivocaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.
"Eu acho que o mundo inteiro pautou uma coisa chamada 'não vá ao hospital, espere ter falta de ar', e a gente viu no decorrer da evolução, acho que o mundo errou, o CDC errou, a OMS errou. É preciso que se diga claramente", apontou.
Assistência
O secretário afirmou que, ao longo da pandemia, "o atendimento precoce provou ser eficaz no melhoramento da condição clínica do paciente".
"A gente viu que, quando esse doente chega mais precoce, você melhora a qualidade da estratificação do risco, melhora o resultado do tratamento. Acho que essa forma de comunicar poderia ter sido melhor", avaliou.
Por outro lado, o médico citou as estratégias com repercussão positiva adotadas pela Sesa, a começar pela reclusão domiciliar determinada por decreto estadual logo após os primeiros casos positivos para o Sars-Cov-2.
"Fazer um isolamento muito precoce. Acho que não dá dúvida que muitas vidas foram poupadas. Segundo, nos prepararmos para essa pandemia estruturando o estado da maneira adequada. A outra coisa fundamental foi a harmonia entre os poderes, foi de bom senso construir um comitê de governança da crise."

Nenhum comentário: