quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Bolsonaro diz não estar arrependido de discurso da ‘pólvora’

Reação do presidente se deu após cobranças para parabenizar Joe Biden

Um dia após Jair Bolsonaro reagir ao presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e falar em “usar a pólvora”, auxiliares do Palácio do Planalto dizem que não há arrependimento do presidente sobre suas declarações que aumentaram a tensão com o democrata americano. O discurso de terça-feira (10) está sendo tratado como pontual e a expectativa é que Bolsonaro volte a baixar o tom, como vinha fazendo nos últimos meses para afastar a crise do Executivo.
Durante o pronunciamento de cerca de 30 minutos no Planalto, Bolsonaro, segundo auxiliares, deu o recado que queria consciente da repercussão que alcançaria. Ele mesmo pontuou que suas frases teriam destaque na imprensa.
– Olha que prato cheio para imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás – disse em cerimônia de lançamento da retomada do turismo.
Foi na mesma ocasião que ele, ao se referir à pandemia de Covid-19, disse que o Brasil precisa deixar de ser “um país de maricas”.
Bolsonaro está irritado com a cobrança para que se pronuncie sobre a vitória de Biden, projetada pela imprensa americana no último sábado (7). Aliado de Donald Trump, ele segue firme com a ideia de se pronunciar após o fim das ações judiciais movidas pelo atual ocupante da Casa Branca, que alega fraude na votação e não aceita a derrota.
Sem esconder a preferência por Trump, Bolsonaro reagiu a Biden, que ameaçou aplicar sanções econômicas ao Brasil caso não haja atuação mais firme para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Apesar do evidente mal-estar, integrantes do governo não consideram que as falas terão consequências nas relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos.
Para integrantes do governo, a “explosão” do chefe do Executivo foi resultado de uma série de pressões. Além da cobrança para se pronunciar sobre Biden, contribui também a perspectiva do mau desempenho de aliados nas eleições municipais. Nesta reta final, Celso Russomanno e Marcello Crivella, respectivamente candidatos a prefeito em São Paulo e no Rio, disputam uma vaga no segundo turno com representantes da esquerda.
Outro fato que funcionou como pólvora para Bolsonaro foi a repercussão por ter comemorado a interrupção dos testes da vacina chinesa contra a Covid-19 e ter sido alvo de críticas. Após o esclarecimento sobre a morte de um voluntário, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) retomou os testes nesta quarta-feira (11).
Estadão

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