Confira principais trechos do depoimento do ex-ministro da Justiça
Foi divulgado nesta terça-feira (05) a íntegra do depoimento prestado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo Bolsonaro, Sérgio Moro. O ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato esteve na sede da Polícia Federal em Curitiba no último sábado na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Moro pediu demissão do cargo no último dia 24 de abril, sob alegação de que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, estava tentando interferir nos trabalhos da Polícia Federal. O inquérito para investigar as acusações do ex-ministro foi aberto pelo Supremo Tribunal Federal.
Abaixo os principais trechos do depoimento de Sérgio Moro:
1. Moro recua e não acusa Bolsonaro do cometimento de crime:
QUE perguntado se identificava nos fatos apresentados em sua coletiva alguma prática de crime por parte do Exmº Presidente da República, esclarece que os fatos ali narrados são verdadeiros, que, não obstante, não afirmou que o presidente teria cometido algum crime.
2. Bolsonaro não interferiu na autonomia de nomeações de órgãos vinculados à pasta chefiada por Moro:
O presidente não interferiu, ou interferia, ou solicitava mudanças em chefias de outras Secretarias ou órgãos vinculados ao Ministério da Justiça, como, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal, DEPEN, Força Nacional.
3. O presidente não solicitou produção de relatório de inteligência:
O presidente nunca solicitou ao Declarante a produção de um relatório de inteligência estratégico da PF sobre um conteúdo específico, causando estranheza que isso tenha sido invocado como motivo da demissão do Diretor Geral da PF.
4. Bolsonaro não solicitou relatórios já existentes de inteligência:
Perguntado se o presidente da República, em algum momento lhe solicitou relatórios de inteligência que subsidiavam investigações policiais, o Declarante respondeu que o Presidente nunca lhe pediu até porque o Declarante ou o Diretor VALEIXO jamais violariam sigilo de investigação policial.
5. Moro solicitou que o então Advogado-Geral da União, André Mendonça, se empenhasse para solicitar acesso ao celular do advogado de Adélio Bispo, responsável por esfaquear Bolsonaro em Juiz de Fora, em setembro/2018:
O Declarante entende que antes do final das investigações não é possível concluir se ADÉLIO agiu ou não sozinho e que, de todo modo, o Declarante, ao contrário do que afirmado publicamente pelo Presidente da República na data de hoje (02 de maio de 2020) jamais obstruiu essa investigação, ao contrário, solicitou à Polícia Federal o máximo empenho e ainda chegou a informa à AGU, na pessoa do Ministro ANDRÉ MENDONÇA, da importância de que a AGU ingressasse na causa para defender o acesso ao celular, não pelo interesse pessoal do Presidente, mas também pelas questões relacionadas à Segurança Nacional.
6. Moro não disponibiliza 100% do seu celular; permite apenas a extração das conversas entre o presidente Bolsonaro e a deputada federal Carla Zambelli (PSL/SP):
O Declarante disponibiliza, neste ato, seu aparelho celular para extração das mensagens trocadas, via aplicativo Whatsapp, com o Presidente da República (contato “Presidente Novíssimo”) e com a Deputada Federal CARLA ZAMBELLI (contato Carla Zambelli II) e que são as relevantes, no seu entendimento, para o caso, Que o Declarante esclarece que não disponibiliza as demais mensagens pois têm caráter privado (inclusive as eventualmente apagadas), ou se tratam de mensagens trocadas com autoridades públicas, mas sem qualquer relevância para o caso, no seu entendimento.
7. Pela primeira vez, Moro admite ter sido hackeado:
O Declarante esclarece que tem só algumas mensagens trocadas com o Presidente, e mesmo com outras pessoas, já que teve, em 2019, suas mensagens interceptadas ilegalmente por HACKERS, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente.
8. Moro tinha conhecimento da troca da direção-geral da PF e chegou a sugerir um nome para substituir Maurício Valeixo:
(O declarante) ligou para o Diretor VALEIXO, que concordou com a substituição sugerindo o nome de DISNEY ROSSETI; Ligou em seguida ao Ministro RAMOS e então manifestou a sua concordância, mas ressaltou que seria a única mudança e que não concordava com a troca pretendida do superintendente da SR/RJ.
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