terça-feira, 24 de novembro de 2020

Abraço de afogado ✰ Artigo de Augusto Nunes

Covas torce pela aparição de Lula no palanque de Boulos 

Neste 15 de novembro, o ex-presidente Lula apareceu para votar com a pose de quem já encomendou o terno para a terceira festa da posse na Presidência da República. “Esta é uma eleição muito importante para o PT, que sairá muito fortalecido”, profetizou. “Estamos fazendo uma oposição muito forte em quem apostou no fim do PT. Diferentemente de outros partidos, o PT não troca de nome nem o compromisso com o trabalhador brasileiro”.
Encerrado o pronunciamento à nação, o ex-presidiário afagou o homem que sorria a seu lado. “Eu tô aqui com muito orgulho, votando naquele que foi o maior prefeito da história de São Bernardo”. Candidato a um terceiro mandato, o companheiro Luizinho Marinho concordou com um largo sorriso.
Faltou combinar com o eleitorado, avisou a abertura das primeiras urnas. Encerrada a apuração, o prefeito Orlando Morando (PSDB) reelegeu-se com mais de 260 mil votos (quase 70% do total). Marinho naufragou com pouco mais de 90 mil votos (23%). Tremendo fiasco.
A derrota no berço político do chefão mostrou-se altamente contagiosa. O partido que virou bando afundou no ABC e as previsões do intuitivo genial falharam espetacularmente em todo o país. Até agora, o PT não conquistou nenhuma capital. Apenas dois candidatos da sigla – João Coser, em Vitória, e Marília Arraes, no Recife – têm chances de quebrar esse jejum no segundo turno. Por enquanto, o lulismo elegeu 179 prefeitos.
Seja qual for o desempenho do PT nas cidades que voltarão às urnas no dia 29, os municípios controlados pelo partido não chegarão a 200. Para quem governou o Brasil por 13 anos, é coisa de partido nanico. Mas a arrogância não foi abalada “se os companheiros quiserem, subo na palanque”, ofereceu-se Lula, interessado em ser convidado pelos dois petistas sobreviventes e por Guilherme Boulos, que disputa pelo Psol o segundo turno em São Paulo.
Antes que o planque ambulante aparecesse no Recife, Marília Arraes baixou em São Bernardo para dizer a Lula que uma declaração de apoio gravada em vídeo já estaria de bom tamanho. Para Coser, que por pouco não caiu fora da eleição já na primeira etapa, qualquer apoio é lucro. Boulos, por enquanto, continua fingindo que não ouviu direito a oferta.
Lula deve achar que os brasileiros ignoram a ladroagem devassada pela Lava Jato, a destruição da Petrobras, a hecatombe protagonizada por Dilma e as demais torpezas dos 13 anos de desgoverno petista. Deve achar que o povo é um bando de idiotas. Ele vive no Brasil em que elegia postes. Hoje, é o adversário que reza para que Lula apareça no palanque de um candidato apoiado pelo PT.
Augusto Nunes - Jornalista

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