Com a prolixidade dos chicaneiros da Série A, o ministro Gilmar Mendes escreveu 64 páginas para provar que não é proibido o que a Constituição proíbe. O palavrório merece ser transformado no fecho glorioso de uma Antologia de Porta de Cadeia.
A um parágrafo em alemão, segue-se a citação de um jurista nativo que foi (ou é) ministro do Supremo Tribunal Federal. O cortejo de homenageados é aberto pelo trecho de um livro do pensador Enrique Ricardo Lewandowski. Enquanto prossegue o desfile que junta sumidades estrangeiras a colossos domésticos como Celso de Mello, o Maritaca de Diamantino elogia o Congresso dos Estados Unidos, ataca a ditadura militar brasileira, louva o patriotismo de deputados que presidiram a Câmara por anos a fio, diz que proibir reeleição é coisa de golpista e conclui que, de vez em quando, o que diz a Constituição não deve ser levado a sério. Fora o resto.
As 64 páginas caberiam numa frase só: “Para que não haja perigo de melhorar, é preciso manter o Rodrigo Maia e o Davi Alcolumbre onde estão”.
Augusto Nunes - Jornalista
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