As disputas pelas Presidências da Câmara e do Senado começaram a se consolidar após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar as candidaturas de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Com dois dos mais fortes candidatos fora da corrida pelas mesas diretoras, alguns nomes já foram confirmados e há outros reverberando pelos bastidores.
Até o momento, são dez candidatos para o comando da Câmara e nove para o Senado. O número pode variar para mais ou para menos até o início de fevereiro, quando será realizada a votação. Confira um resumo sobre as trajetórias políticas dos mais cotados para os cargos.
CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
Filiado ao Partido Progressistas (PP) desde 1995, Aguinaldo Ribeiro está em seu terceiro mandato como deputado federal da Paraíba. Anteriormente ocupou por duas vezes a cadeira de deputado estadual.
Ribeiro é líder da Maioria na Câmara, e relator de um dos mais importantes projetos que tramita no Congresso, a Reforma Tributária. É considerado próximo ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e já participou de governos anteriores. Foi ministro das Cidades no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre os anos de 2012 a 2014, e líder do governo de Michel Temer (MDB) na Câmara entre 2017 e 2018.
Em 2019, o parlamentar se tornou réu no STF em uma ação penal por desvio de recursos da Petrobras.
Arthur Lira (PP-AL)
Eleito por três vezes a deputado federal, Arthur Lira é filiado ao Partido Progressistas desde 2019. Sua trajetória também inclui três mandatos como deputado estadual e dois como vereador em Maceió, no estado de Alagoas.
Arthur Lira possui grande influência na Câmara. Lidera o maior bloco da Casa, composto por 135 parlamentares do PP, PL, PSD, Solidariedade e Avante.
O parlamentar possui uma extensa ficha criminal, e é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como envolvimento com associação criminosa, corrupção passiva e ativa, e é acusado pelo MPF de ter liderado um esquema milionário de “rachadinha” quando ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Baleia Rossi (MDB-SP)
Baleia Rossi está em seu segundo mandato como deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi eleito três vezes deputado estadual em São Paulo, e mais três como vereador de Ribeirão Preto (SP).
Filiado ao MDB desde 1992, Rossi é o atual e mais jovem presidente nacional da sigla. Também é o líder do partido na Câmara dos Deputados, a segunda maior bancada individual da casa, atrás apenas do PT. O deputado é o autor da PEC da reforma tributária que tramita na Câmara.
Rossi chegou a ser investigado pelo STF por supostas fraudes na compra de merenda de escolas em São Paulo, mas por falta de provas, o ministro Gilmar Mendes mandou arquivar o inquérito.
Capitão Augusto (PL-SP)
Filiado ao Partido Liberal (PL) desde 2014, o policial militar José Augusto Rosa, mais conhecido como Capitão Augusto, é deputado federal pelo segundo mandato.
Augusto é coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a chamada “bancada da bala”, que defende o armamento civil, além da Frente do Rodeio, defensora da Vaquejada e das Provas Equestres.
Elmar Nascimento (DEM-BA)
O deputado federal Elmar Nascimento pelo Democratas (DEM) está em seu segundo mandato. Anteriormente, foi eleito por três vezes deputado estadual da Bahia e mais três como vereador de Campo Formoso (BA). Nascimento está no DEM desde 2013. Antes passou pelo Partido Liberal (PL).
Elmar Nascimento é o atual presidente da Comissão Mista do Orçamento (CMO), e um dos nomes próximos ao presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Fábio Ramalho (MDB-MG)
Em seu quarto mandato, Fábio Ramalho é deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de Minas Gerais. Foi também prefeito de Malacacheta (MG). É filiado ao MDB desde 2016, tendo passado pelas siglas PTB, PFL, PV e PMB.
Fábio Ramalho foi o 1º vice-presidente da Câmara em 2017, e chegou a tentar Presidência da Casa em 2019, mas perdeu para Rodrigo Maia.
Em 2017, o deputado foi citado em lista de delator por contribuições ilegais recebidas da Odebrecht entre 2008 e 2014. Não foi aberto inquérito na Lava Jato porque a Procuradoria Geral da República não obteve, nas delações, informações suficientes para tal.
Fernando Coelho Filho (DEM-PE)
O deputado federal pelo quarto mandato Fernando Coelho Filho é filiado ao DEM desde 2018. Passou também pelos partidos PSB e MDB.
Entre 2016 e 2018, participou do governo de Michel Temer como ministro de Minas e Energia.
O deputado é filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Senado.
Em 2019, o deputado foi alvo de busca e apreensão junto do seu pai sob a acusação de recebimento de R$ 5,538 milhões em propinas de empreiteiras. O relator do inquérito no STF é o ministro Luís Roberto Barroso.
Luciano Bivar (PSL-PE)
Fundador e filiado ao Partido Social Liberal (PSL) desde 1997, Luciano Bivar é deputado federal de Pernambuco em seu terceiro mandato. Antes do PSL, passou pelo Partido Liberal (PL).
Atualmente, é o 2º vice-presidente da Câmara dos Deputados. Bivar se aproximou do grupo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, principalmente após à saída de Jair Bolsonaro do PSL.
Em novembro de 2019, foi indiciado pela Polícia Federal, investigado sobre um esquema de candidaturas laranjas nas eleições de 2018.
Marcos Pereira (Republicanos-SP)
O deputado federal Marcos Pereira pelo Republicanos está em seu primeiro mandato. Atualmente, é o presidente nacional do partido, que é ligado ao bispo Edir Macedo, e inclui os três filhos do presidente Jair Bolsonaro. O deputado é também o 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Pereira foi ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços de Michel Temer entre 2016 e 2018. Além de parlamentar, o deputado é bispo licenciado da Igreja Universal.
O ex-ministro foi alvo de investigações no STF por recebimento ilegal de dinheiro da construtora Odebrecht, suspeito de receber R$ 7 milhões.
CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO SENADO
Antonio Anastasia (PSD-MG)
Em seu primeiro mandato, Antonio Anastasia é senador de Minas Gerais pelo Partido Social Democrático (PSD), do qual ele é filiado desde 2020. Foi também vice-governador do estado pelo PSDB. Atualmente, ele é o 1º vice-presidente do Senado.
Anastasia foi relator do processo de impeachment que levou à cassação do cargo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.
Citado em delações dos ex-executivos da Odebrecht, em 2017, o STF abriu uma inquérito para investigar suposto de receber vantagens indevidas para a construtora em forma de doações de campanha eleitoral em 2009 e 2010.
Eduardo Braga (MDB-AM)
O senador do Amazonas, Eduardo Braga é filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) desde 2004 e está em seu segundo mandato. O parlamentar passou também pelas siglas PDS/PPR/PPB (atual PP) e pelo PPS, hoje intitulado Cidadania.
Líder do MDB e da Maioria no Senado, Braga possui uma extensa passagem por cargos políticos. Foi deputado estadual, federal, vice-prefeito, prefeito de Manaus e por duas vezes eleito o governador do Amazonas. Ele participou ainda do governo Dilma Rousseff (PT) entre 2015 e 2016 como ministro de Minas e Energia.
Eduardo Braga foi investigado pelo STF por suposto envolvimento em fraudes em uma construção durante o seu cargo como governador do Amazonas. O inquérito foi aberto a partir de delações dos ex-executivos da Odebrecht. Entretanto, foi arquivado em 2018 pelo ministro Alexandre de Moraes, com o argumento de restringir o foro privilegiado a deputados e senadores cujos crimes foram cometidos no exercício do mandato parlamentar.
Em 2019, a Lava-Jato também abriu um inquérito contra o senador, sob a acusação do recebimento de R$ 6 milhões da JBS ilegalmente na campanha de 2014, assim como outros integrantes do MDB.
Eduardo Gomes (MDB-TO)
Eduardo Gomes é senador de Tocantins pelo MDB. Atualmente, exerce seu primeiro mandato, após ter sido deputado federal por três vezes e vereador por mais três em Palmas (TO).
Gomes é líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional, e assumiu o posto depois da destituição de Joice Hasselmann (PSL-SP). É filiado ao MDB desde 2019, passando ainda pelo PSB, PSDB e Solidariedade.
Eduardo (MDB-TO) já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por licitações fraudulentas e produtos superfaturados no pagamento de despesas da Câmara Municipal de Palmas.
Fernando Bezerra (MDB-PE)
Fernando Bezzerra Coelho está em seu primeiro mandato como senador de Pernambuco pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi também deputado estadual, deputado federal, e três vezes prefeito de Petrolina (PE).
Bezerra é o atual líder do governo de Jair Bolsonaro no Senado Federal. Antes de se filiar ao MDB em 2017, passou pelas siglas PDS (atual PP), PFL (atual DEM), PPS (atual Cidadania) e PSB. Foi ministro da Integração Nacional entre 2011 e 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2019, a Polícia Federal (PF) atribuiu ao senador Fernando Bezerra um esquema criminoso de pagamentos indevidos por empreiteiras. Seu gabinete foi alvo de busca e apreensão. O caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, e segue sob os cuidados do ministro Luís Roberto Barroso
Major Olímpio (PSL-SP)
O senador Sérgio Olímpio Gomes, mais conhecido como Major Olímpio, é filiado ao Partido Social Liberal (PSL). Atualmente, exerce seu primeiro mandato. Foi também deputado estadual por duas vezes e uma como deputado federal.
Olímpio é o líder do PSL no Senado, e antes de se filiar ao partido em 2018, passou pelas siglas PV, PDT e PMB.
Márcio Bittar (MDB-AC)
O senador do Acre Márcio Bittar é filiado ao MDB desde 2017 e atualmente exerce seu primeiro mandato. Foi também deputado estadual, e federal, e passou pelas siglas PPS (atual Cidadania) e PSDB.
Bittar é apontando como um dos nomes próximos ao presidente Jair Bolsonaro. O senador é também o relator do orçamento de 2021 no Congresso Nacional.
Nelsinho Trad (PSD-MS)
Nelson Trad Filho, mais conhecido como Nelsinho Trad, exerce seu primeiro mandato como senador pelo Partido Social Democrático (PSD). Anteriormente, foi deputado estadual, vereador e prefeito de Campo Grande (MS).
Antes de se filiar ao PSD, passou pelos partidos PTB e pelo PMDB (atual MDB). Trad é primo do ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Em 2018, o MP condenou Nelsinho Trad por improbidade administrativa, devido à “propaganda pessoal em obras públicas, utilizando-se de totens com clara menção do próprio nome, além da numeração da obra realizada em mandato”.
Otto Alencar (PSD-BA)
Líder do PSD no Senado, Otto Alencar está em seu primeiro mandato como senador. Ele é Filiado ao Partido Social Democrático (PSD) desde 2011, e já passou pelas siglas PTB, PL, DEM e PP.
Anteriormente, foi também deputado estadual, governador e vice-governador da Bahia.
Renan Calheiros (MDB-AL)
Renan Calheiros está em seu quarto mandato como senador de Alagoas, filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Já foi eleito por três vezes o presidente do Senado Federal.
Antes passou pela Câmara como deputado estadual e deputado federal. Também participou do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como ministro da Justiça do governo.
Renan Calheiros se tornou réu por corrupção e lavagem de dinheiro no STF em 2019, e é alvo de dois novos inquéritos no tribunal por suspeitas de fraudes na Transpetro, subsidiária da Petrobras que atua no transporte de combustíveis.
Em setembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) viu “fortes indícios” do recebimento de propinas pelo senador sob o disfarce de doações eleitorais. O comunicado foi enviado ao STF em inquérito que investiga o repasse de vantagens ilegais a Calheiros nas obras do Estaleiro Tietê, em Araçatuba (SP).
Simone Tebet (MDB-MS)
A senadora Simone Tebet, do Mato Grosso do Sul, exerce o seu terceiro mandato, filiada ao MDB. Anteriormente, foi também vice-governadora do Mato Grosso do Sul e prefeita de Três Lagoas (MS).
Filha do ex-presidente do Senado, Ramez Tebet, a parlamentar é a atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Simone Tebet foi alvo de inquérito que investigava suposta fraude do “caráter competitivo de tomadas de preço” e o desvio de recursos públicos federais e municipais “em favor de empresa fraudulentamente contratada”. O processo foi arquivado pelo ministro Marco Aurélio Mello por prescrição. Tebet também teve os bens bloqueados pela Justiça Federal em 2016, sob acusação de um suposto esquema de “desvio de verbas públicas em provimento alheio”.
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