quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Senador do Rede quer criminalizar quem “hostilizar” a imprensa

O nosso Caldas Aulete, pai de muitos burros humildes, define “sanha” como “acesso irrefreável de fúria que toma e cega um indivíduo; IRA; RAIVA”; e também como “vontade, desejo irrefreável”. A sanha autoritária de certos jornalistas parece pertencer às duas acepções: fúria cega e desejo indomável.
Querer calar adversários está se tornando o esporte favorito de uma imprensa jeca que, acostumada a falar bobagens sem ser questionada, quer manter não só as aparências, mas também os privilégios. Tem jornalista que passa mais da metade do seu dia útil a perseguir quem quer que cruze a fronteira do seu estreito horizonte de consciência, aquela entre o Brasil e o Chile.
Segundo o Portal Projeta, uma PL foi redigida para “tornar crime o ato de hostilizar profissionais da imprensa com o intuito de impedir ou dificultar sua atuação”. O projeto vem justamente no momento em que a mídia passa por sua maior crise de credibilidade. 
Nem quando o cinegrafista Santiago Andrade foi covardemente assassinado por black blocs, o braço armado de coquetéis Molotov e rojões da esquerda, nossos vigilantes políticos viram motivos para resguardar os profissionais de imprensa. 
O autor do projeto é o senador Fabiano Contarato (REDE/ES). Ainda segundo o Portal Projeta: “Na justificativa ao projeto, o senador defendeu que a liberdade de imprensa é fundamental para o exercício da democracia, mas ponderou que o cenário de ofensas, ameaças e violência contra esses profissionais vem se agravando”.
“O parlamentar também citou como exemplo o caso do fotógrafo do Estadão, Dida Sampaio, que foi agredido com chutes, murros e empurrões ao acompanhar manifestação ocorrida em Brasília no dia 3 de maio de 2020. ‘Nesse episódio, além da violência praticada o profissional foi impossibilitado de exercer seu ofício. Um retrato deplorável da intolerância a atual conjuntura política’, comentou.”
Nenhuma menção a Santiago. Quanta nobreza, senador. 
Quem definirá a ofensa? O jornalista Oswaldo Eustáquio foi rotulado de blogueiro, mesmo sendo jornalista de profissão, por não se adequar ao mainstream midiático. Prendê-lo sem que ele tenha cometido nenhum crime também é um caso de hostilidade à imprensa? 
A PL é mais um jogo de cena do poder para resguardar os seus e punir as vozes dissonantes. Qualquer semelhança com ditaduras sanguinárias não é mera coincidência.
Carlos de Freitas - Redator e escritor

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