As coisas, no Parlamento brasileiro, só começarão a mudar de verdade após uma reforma política.
Uma reforma que acabe com o nefasto sistema de “coeficiente eleitoral”, ou que, pelo menos, mexa na sua fórmula de cálculo, e que redistribua/reequilibre as vagas de Deputados em cada Unidade da Federação.
Já falei isso algumas vezes.
Mas essas coisas podem mudar também pela conscientização do eleitor sobre a importância de se votar no candidato certo. Essa conscientização já está ocorrendo, e a cada dia se adianta mais. Em 2022 certamente será feita um “limpeza” nos quadros da Câmara de Deputados.
Mas e até lá? O que fazer? Como lidar com a coisa?
Até lá, obviamente, esse Congresso que está aí é que funcionará, aos trancos e barrancos, e com o material humano que possui, cujos mandatos se encerrarão apenas daqui a pouco mais de 2 anos e meio.
Quando Rodrigo Maia, há alguns dias, fez aprovar o Plano Mansuetto alterado por aquela emenda criminosa, que dá uma tungada de 200 bilhões no Orçamento da União para distribuir a quantia aos Estados e Municípios, com apenas 70 votos contrários (ou seja, a favor do Governo), quis deixar claro que ele tinha 80% da Câmara a seu lado. Esse foi o seu recado.
Por isso a resposta contundente do Presidente da República, desmascarando Maia ao vivo, na CNN.
O que Rodrigo Maia, o “economista sem diploma”, fez, foi uma claríssima declaração de guerra ao Presidente da República.
Quem não entende isso, leia por favor “A arte da guerra política”, de David Horowitz, que diz que política tem a ver com se eleger com base em uma agenda e implementá-la depois, na medida do possível, de acordo com as concessões que se está disposto a fazer.
Segundo Horowitz, o que não se pode é abrir mão da ideologia política em prol desse pragmatismo político, que jamais pode anular (ou superar) o ideário de alguém: ele (o pragmatismo) deve ser usado sempre em favor da agenda do político, de forma equilibrada.
Portanto, se revoltar com o fato de Bolsonaro estar negociando com vários congressistas apoio no Congresso é coisa de pessoa pouco inteligente, que não consegue concatenar o que vem acontecendo nesse momento.
Para interromper a sabotagem de Rodrigo Maia e esvaziá-lo no Congresso, até que se torne um mero deputado medíocre com seus 74.000 votos, e que se elegeu apenas pelo coeficiente eleitoral, e depois finalmente virar um “pária”, há de se ter uma estratégia política.
Como diz a sabedoria popular, “a primeira coisa a ser feita para sair do buraco é parar de cavar”. E o Presidente da República percebeu que se não conseguir parar imediatamente o trabalho que Maia faz, de arregimentar parlamentares para seu grupo contra o Governo, não conseguirá reverter a situação, e perderá os últimos 2 anos de seu mandato, justamente o período “pós-covid19”, que pode apresentar boas oportunidades ao país.
Alguém precisa dizer a cada um dos parlamentares, em uma conversa “olho no olho”, que os deputados não ganharão (leia-se: não lucrarão) nada continuando ao lado de Rodrigo Maia. Não aparecerá dinheiro, não aparecerá Ministério, não aparecerá “esquemas”.
E por uma razão muito simples: quem governa é o Presidente da República, como chefe do Poder Executivo.
O Parlamento, o máximo que pode fazer, é sabotar as proposições do governo. Mas se continuar fazendo isso ficará mal com o povo (como aliás já está), que hoje, pela primeira vez, se sente representado pelo Presidente da República, e que assumiu protagonismo nos rumos da Nação.
Portanto, melhor para eles que abandonem Rodrigo Maia, pois não receberão o benefício (seja ele qual for) que ele prometeu, para continuarem participando da cruzada “anti-governo”, e parem de participar da sabotagem ao Executivo.
E esse alguém para dizer isso é Jair Bolsonaro. É isso que certamente ele está fazendo, para cada um dos 300 deputados do chamado “Centrão” com quem vem conversando (com os 100 da extrema-esquerda não adianta dialogar, e mesmo se adiantasse seria não só contra-producente como uma traição à própria ideologia).
Contudo, no pragmatismo político que se tem que adotar, o Presidente da República deve estar demonstrando boa vontade, como saber ouvir cada parlamentar, anotar suas queixas, conhecer suas pretensões, e - por que não? - ponderar suas sugestões.
Isso não é negociar cargos nem aqui e nem em qualquer lugar do mundo. Isso é saber jogar o jogo político com exatidão. É a aplicação prática da lição de Horowitz, o reconhecido escritor e estrategista político norte-americano.
Como eu já disse, e repito mais uma vez, Rodrigo Maia está com os dias contados.
Guillermo Federico Piacesi Ramos - Advogado
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