Quando Sérgio Moro, na manhã de hoje (24/05), encerrou sua manifestação, os grupos de whatsapp se robusteceram de conteúdos com os piores prognósticos possíveis em relação ao futuro do governo Bolsonaro. Amigos me ligaram. Correspondentes que, como eu, preferem o velho e bom e-mail como forma de comunicação, se afanaram em querer saber minha opinião sobre o que estava acontecendo. Moro fizera acusações graves. Enquanto falava, a bolsa caía e o dólar subia e, claro, a nação se inquietava. Dava-se vitória ao ex-ministro sem sequer ouvir a outra parte...
É interessante esse impulso, profundamente humano, que nos impele a reagir imediatamente diante de eventos inesperados. Neles, muitas vezes, a pressa é inimiga do bom discernimento. O próprio Procurador Geral da República apressou-se a pedir ao STF autorização para investigar as denúncias do ministro. Horas mais tarde, cumpriu-se o segundo evento do dia, a impostergável manifestação de Bolsonaro. Tivesse o presidente falado em horário vespertino mais cedo, pressinto que a bolsa teria recuperado os pontos perdidos e o dólar retornado à cotação de quinta-feira.
Prestigiado por seus ministros e principais assessores, o Presidente falou de modo sereno, refutou as acusações, explicou suas motivações. Proporcionou sua melhor imagem como chefe de Estado desde a posse. La pelas tantas disse: “Eu tenho um Brasil a zelar”. Esse sapato serve no meu pé. Serve para me fazer andar. Um Brasil a zelar também me mobiliza. Aconselha a não reagir por efeito manada. Muitos o fazem, servindo a um oportunismo pouco interessado no Brasil e muito interessado nas próprias conveniências políticas, financeiras, ideológicas.
Percival Puggina - Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
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