segunda-feira, 23 de março de 2020

O preconceito contra os idosos "vitaminado" pelo COVID-19 ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira


Por terem sido considerados “grupo de risco” pelas autoridades da área da saúde pública, que estão administrando a crise sem precedentes ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19), originário da China, todos aqueles que não esconderam os seus fios de cabelo branco, dados pela natureza, em virtude da idade mais avançada, estão sendo alvo de rechaço, menosprezo, e chingamentos, toda vez que “ousam” colocar os pés fora das suas moradias.
Nesse sentido os idosos estão sendo tratados igual aos leprosos, tuberculosos, e doentes de malária, dentre outras doenças contagiosas, da Idade Média, que eram confinados longe da “civilização”, e tratados pior que bicho.
Esse tipo de preconceito jamais foi alvo do interesse das autoridades públicas, da grande mídia, e da própria Justiça, ”apesar” do “Estatuto do Idoso” (Lei Nº 10.741/2003), que sempre dedicaram todas as suas atenções e providências legais contra os preconceitos de cor, de raça, de religião, ou contra qualquer categoria da comunidade LGTB, todos “abençoados pela grande mídia, e alvos de profundas discussões políticas e jurídicas “protetoras”, nas Casas Legislativas, e nos tribunais.
Incentivados pelas autoridades públicas e pela mídia, os cachorros “sarnentos” de rua estão sendo mais respeitados que os idosos, que “ousam” disputar algum espaço público com os que ainda não tiveram a “desventura” de ter algum fio de cabelo branco.
Mas na verdade esse preconceito contra os idosos tem fundas raízes, especialmente nas Américas, mas sempre foi (hipocritamente) mantido oculto, em estado “stand-by”. Dito preconceito, contra os idosos, apesar de “disfarçado”, indiscutivelmente se tornou “cultural”.
Mas o Covid-19 conseguiu soltar as correntes que amarravam o preconceito dos mais jovens contra os idosos. As pessoas de mais idade devem ter muito cuidado ao atravessar alguma rua, pois correrão o risco de serem atropelados com muito mais “facilidade”, que os “outros”.
O lamentável papel das autoridades públicas e da mídia, nesse episódio, foi o de despertar ainda mais a “idiotia” acampada na cabeça de muita gente. Será que os “chingadores” dos mais velhos que andam pelas ruas estariam tomando essa atitude de chingá-los, por imaginarem que eles, dos tais “grupos-de-risco”, como são enquadrados, estariam sofrendo maior risco de serem contaminados pelo mais jovens, por ambos andarem nas ruas, ou só ameaçando as outras pessoas “mais jovens”, dentre elas os “chingadores”, de serem contaminadas pelas pessoas mais velhas?
Ora, com certeza, mal concebem esses chingadores idiotas, que as pessoas enquadradas como “de risco”, os idosos, apresentam maior risco NÃO DE CONTAMINAR OS OUTROS, porém de SEREM CONTAMINADOS. Por que então esses “chingamentos”, se o risco de contaminar os outros é idêntico entre novos e velhos, e que a única diferença reside na probabilidade de “ser contaminado”, e não de “contaminar”, onde os mais velhos “vencem”? Que direito “exclusivo” teriam então os mais jovens de preencher os espaços públicos, em detrimento dos mais velhos? Como pode a mídia alimentar essa idiotia a tal ponto?
 Mas como a “libertação” desse preconceito contra os idosos deu-se bem recentemente, atendendo “convocação” das autoridades públicas, e da sua mídia “parceira”, também “cega” e igualmente “idiota”, ambos fortalecendo a idiotia “social”, a única maneira de prová-la será a convocação das pessoas idosas que sentiram essa repulsiva discriminação nas ruas e na própria carne, para darem o seu testemunho.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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