Ninguém acha que se deve deixar as pessoas morrerem, ou que é conveniente facilitar suas mortes, para abrir de novo o comércio
Um dos vírus mais perversos que passou a contagiar o Brasil de hoje é o da hipocrisia, desde que governadores, banqueiros de investimento e a nossa elite subdesenvolvida decidiram transformar o “confinamento total” e por tempo “indeterminado” na sua vaca sagrada. Ele se espalhou com mais rapidez e muito mais letalidade que o próprio coronavírus, ao forçar, dia após dia, a destruição da economia brasileira – com o propósito, para todos eles, de tirar proveito político da desgraça que atingiu o país e o mundo. Empregos, produção, empreendimentos, sistemas de logística, empresas, pequenos negócios, produção, trabalho – tudo isso está indo para o diabo, mas vai arruinar o governo, imaginam os sabotadores, e, com isso, abrir chances para quem não tem esperanças de voltar ao poder por meios democráticos.
O ato de hipocrisia mais agressivo, que foi encampado de olhos e cérebro fechados por grande parte da mídia, é o lema: “Não se pode sacrificar vidas para defender a economia”. O sujeito oculto da frase é: “Quem defende que a existência dos seres humanos deve ficar subordinada a interesses econômicos sórdidos é um criminoso – e se um indivíduo que pensa isso é o presidente da República, então ele tem de ser deposto, já”.
A mentira fundamental é que ninguém pensa isso – ninguém, absolutamente, acha que se deve deixar as pessoas morrerem, ou que é conveniente facilitar suas mortes, para abrir de novo o comércio. Por esse raciocínio, o Brasil deveria estar parado há 50 anos para o governo tratar da saúde dos brasileiros – ou não havia doença alguma no país antes do coronavírus? Não há 300.000 mortos por ano em consequência de doenças cardíacas – 300.000? Não há pneumonia, câncer, tuberculoso, hepatite, meningite, diabetes?
Não acredite, jamais, em alguém que quer ajudar você – mas faz isso em puro interesse próprio.
J. R. Guzzo - Jornalista
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