Ilustre general, vi a nota que o senhor divulgou pelas redes sociais, que foi considerada “veemente protesto contra a tentativa de desmoralização do Exército por Jair Bolsonaro”.
Sua nota merece ressalvas, muitas ressalvas. Não as faço contra o general, outrora prestigiado, que exerceu comandos destacados até no exterior. Faço-as contra o texto da nota que expediu.
Referindo-se a acontecimentos políticos recentes, o senhor disse que “sobre o conjunto dos fatos, é uma desmoralização para todos nós”. (GRIFO NÃO ORIGINAL). Eu lhe pergunto: Todos nós, quem? Em nome de quem o senhor fala ou pensa que fala? Em nome de todos os militares? Em nome de todos os brasileiros? Quem lhe passou procuração para falar em nome de TODOS os militares? Saiba, general, que o senhor não fala em meu nome. Jamais o autorizei a falar em meu nome, ainda que de menor posto que o seu. Jamais o autorizarei.
Se sua vaidade e arrogância lhe permitirem, desça de seu pedestal e entre nos grupos de turma da AMAN e verá que os comentários que são feitos a seu respeito mostram-se, quase que na totalidade, contra sua postura desleal e sua fala inconveniente.
O senhor disse que “somente a UNIÃO de todos os militares com seus comandantes continua sendo a grande arma para não deixar a política partidária, a politicagem e o populismo entrarem nos quartéis”. Com que moral o senhor, exemplo de desunião e deslealdade para com o comandante supremo das Forças Armadas, prega a UNIÃO?
Qual o exemplo que o senhor, juntamente com dois outros generais, que está na imprensa a demonstrar desunião (a ponto de o senador corrupto das Alagoas ter dito que o bloco militar não é tão homogêneo) se arvore em defender a UNIÃO dos militares? Dê o exemplo, general.
Como o senhor, exemplo vivo de desunião, de desrespeito ao Exército e aos seus comandantes e de desprestígio profissional, ousa pregar união?
Se entrar no grupo de militares nas redes sociais, o senhor verá que há união, sim. UNIÃO CONTRA sua postura desleal e ingrata e UNIÃO em torno do presidente da República e do Comandante do Exército.
Em sua nota, o senhor disse que “foi surpreendido com telefonemas e mensagens de dezenas de jornalistas sobre o encerramento do caso Pazuello”. Estranho que nenhum jornalista me peça a opinião e que eles procurem sempre os mesmos. Do alto de sua arrogância e petulância, naturalmente o senhor dirá que jornalistas não se interessarão pela opinião de um coronel.
Mas não é por este motivo. Jornalistas procuram quem lhes oferece motivos para escândalos e para notícias catastróficas; jornalistas procuram quem fala mal ou lhes dá notícias ruins (é que, para eles, notícias ruins são notícias boas. Lealdade, disciplina, gratidão e respeito não interessam a eles; interessam-lhes deslealdade, indisciplina, ingratidão e desrespeito).
Interessa aos jornalistas quem critica o presidente da República e o comandante do Exército pois, assim, poderão dizer, como disseram, que há clima tenso no Exército, que há descontentamento, que há insatisfação, que há indisciplina e que há politicagem nas Forças Armadas.
Eu direi aos jornalistas que há insatisfação, sim; que há frustração, sim; que há despeito, sim; que há ciúmes, sim. Mas não os há no Exercito como instituição, mas há insatisfação, ingratidão, deslealdade e frustração em dois generais que foram exonerados de suas funções na presidência da República e em um que não logrou êxito para eleger-se governador pelo Distrito Federal. Esses, sim, estão descontentes, frustrados e insatisfeitos. Mas eles falam por eles mesmos e não encontram acolhida nem em suas respectivas turmas de formação.
O mais grave, general, é que o senhor está sendo ingênuo, pois está servindo aos propósitos dos esquerdosos como ponta de lança para semear a discórdia e para passar ao público externo imagem de indisciplina e descontentamento dentro das Forças Armadas, o que, DEFINITIVAMENTE, não corresponde à realidade. Brasil 247 muito explorou e citou sua nota. Veja em que bela companhia o senhor está.
O senhor está sendo tão ingênuo que não percebeu que o caso Pazuello foi a cortina de fumaça usada para ofuscar o sucesso da “motoceata” com o presidente. A imprensa não falou da pujança da floresta; falou apenas de pequenina árvore isolada.
Ainda em sua famigerada nota, o senhor disse que “eu só posso dizer que o ‘seu Exército’ NÃO É O EXÉRCITO BRASILEIRO”. O possessivo ‘seu’ refere-se ao presidente da República. Saiba, general, que o Exército do presidente da República é o MEU Exército e, tenho certeza que falo em nome da maioria de meus companheiros; é, portanto, o NOSSO Exército.
O Exército de desleais, de vaidosos, de ingratos, de quem cospe no prato que comeu, ah! este não é o nosso Exército.
Pelo que sei e até onde sei, não há politização das Forças Armadas e nem no Exército. Há o reconhecimento de que o presidente da República, com todas as suas falhas e deficiências, foi o homem destemido que impediu a progressão do Brasil rumo ao socialismo, que retirou a cor vermelha da Bandeira e restituiu-lhe o verde e o amarelo e que tem conseguido bons resultados na economia, na agricultura, nos transportes, na infraestrutura e em muitos outros setores, mesmo prejudicado pelo congresso (repleto de corruptos e esquerdosos) e pelos ministros do STF, em que a maioria foi indicada pelo compadrio com o sapo barbudo e com a terrorista.
Não o conheço, general, portanto não posso avaliar o que o move a assumir tal postura e nem os motivos que o levaram a desprezar os valores de disciplina, de respeito, de discrição e de acatamento a ordens superiores.
Posso supor, como suponho de outros militares com quem convivi, que as manifestações de desagrado se devem a vaidade, a ingratidão, a arrogância, a orgulho ferido. Talvez até ao fato de o comandante supremo das Forças Armadas ser um simples “capitão”.
Os vícios citados tornam a visão obnubilada, impedindo-lhe de ver que, por detrás do capitão, há 58 milhões de votos. A revolta, os ciúmes e a ingratidão fazem ver somente as insígnias; não deixam ver os votos e nem o apoio popular que ele recebeu.
Normalmente, vaidade, frustração e ciúmes andam de braços dados com a deslealdade e a ingratidão.
Além disto, a soberba, a inveja, os ciúmes e o despeito são vícios pelos quais os homens desejam para si as honras que cabem a outros.
Finalmente, general, julgo conveniente lembrar que também faz parte da ética militar “abster-se, na inatividade, do uso das designações militares para discutir ou provocar discussões pela imprensa de assuntos políticos ou militares”.
Pode até ser que o senhor não tenha usado a designação militar ao expedir sua nota, mas o site noticioso esquerdoso Brasil 247 usou-a com esses termos “General Santos Cruz diz que todos os militares foram desmoralizados pela anarquia promovida pelo Bolsonaro”. Não há como desvincular o senhor da designação militar. Ainda mais que é ela que lhe garante destaque na imprensa.
A vaidade e a frustração não lhe permitem ver como o senhor está sendo manipulado e usado pelos esquerdosos. Ou, talvez, ter destaque na imprensa, ter a fotografia publicada e ter sua nota destacada na mídia tenham, para o senhor, maior valor que a lealdade, a disciplina e a UNIÃO dos verdadeiros militares.
Claudio Eustáquio Duarte - Coronel de Infantaria da turma Marechal Castelo Branco AMAN - 1971
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