segunda-feira, 2 de março de 2020

Rótulos ideológicos e o duplo padrão da mídia ✰ Artigo de Rodrigo Constantino

Esquerdistas querem usurpar o liberalismo, como fez a esquerda norte-americana

Rótulos importam. Quem discorda pode tentar manipular condimentos numa cozinha sem qualquer rótulo: a confusão vai se instaurar e você pode colocar açúcar achando que é sal.
Claro que rótulos ideológicos não dão conta de toda a complexidade das crenças políticas, e podem ser simplistas demais. Mas em geral servem para definir bandeiras comuns essenciais e, com isso, separar visões distintas de mundo.
Faço essa introdução para destacar que há um esforço em curso no país, após a desgraça petista, de esquerdistas se embalarem de liberais. Querem usurpar o liberalismo como a esquerda fez nos Estados Unidos. O Partido Democrata, que já foi do católico anticomunista JFK, hoje tem um socialista assumido como líder das primárias. E são "liberais"...
Vera Magalhães, por exemplo, definiu-se outro dia como "liberal democrata", e citou como ícone o esquerdista Barack Hussein Obama. É confusão pura ignorar que o termo liberal, nos Estados Unidos, significa esquerda "progressista". Joel Pinheiro é outro que se diz liberal, mas defende só ideias esquerdistas.
Joel é "liberal", da "laia" da Vera, e curte mensagem de Alberto Carlos Almeida, aquele pego em gravação aconselhando Lula a fugir da Justiça, defendendo o PT. Era uma "análise" recomendando uma união com petistas para derrotar Bolsonaro.
Agora até o PCdoB quer tirar comunista do nome e apagar a foice e o martelo do símbolo. Não pega bem se assumir mais um comunista. Não obstante, Flávio Dino diz que o motivo é o "preconceito" de muitos, já que o comunismo só trouxe coisas boas (risos).
A ideologia nefasta coletivista e totalitária foi responsável pela morte de mais de cem milhões de pessoas. Deixou um rastro de sangue por onde passou, tem como legado apenas opressão e terror, além de miséria.
O símbolo dessa ideologia deveria gerar a mesma ojeriza da suástica nazista. Infelizmente, ainda não estamos lá. Mas pelo menos os comunistas andam envergonhados, o que é bom sinal."
"Apesar de que só retirar o rótulo, sem mudar as ideias, não muda muita coisa: se abana rabo feito cachorro, late feito cachorro e anda feito cachorro, pode chamar de pato que continua sendo cachorro!
Por fim, uso o caso da "anti-Greta" para mostrar o duplo padrão da mídia em relação aos rótulos ideológicos. O discurso de Naomi Seibt, alemã de 19 anos (mais velha que Greta), é mais sereno, mais propenso a questionar que a propor – em contraposição à retórica acusatória e arrogante de Greta.
Haverá, porém, ou uma espiral de silêncio em relação a ela na mídia, ou a tentativa de ataca-la. Se não for possível simplesmente ignorar a menina, podem aguardar jornalistas citando sua tenra idade para desqualifica-la ou usando o rótulo de "extrema direita" para defini-la, sem problema agora por atacarem uma menina. O duplo padrão é a marca! E já começou:
Greta nunca foi chamada de "adolescente de extrema esquerda", não é mesmo? Essa mídia não chama nem Guilherme Boulos ou Marcelo Freixo de extrema esquerda, mas como abusa sem qualquer critério da expressão extrema direita, não é mesmo?! Mas falem baixo pois meus colegas corporativistas não gostam quando eu aponto para o escancarado viés ideológico da imprensa...
O que o surgimento dessa outra pirralha mostra é que todo aquele papo de “admiro a luta, o sonho, a determinação por um ideal” em relação a Greta vai logo por água abaixo. Não vão admirar as mesmas características na jovem alemã. Pois o que sempre admiraram em Greta foi a mensagem mesmo, e a possibilidade de usar a fedelha para sua causa. Pura hipocrisia!
Em suma, os "liberais" brasileiros adoram Obama, Marina Silva, Greta Thunberg e não se importam de se unir ao PT se for para combater o "fascismo" de Bolsonaro. Com "liberais" assim, nem precisamos de esquerda!"
Rodrigo Constantino - Economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.

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