Nesse caso, seria mais prático - e barato - ter apenas um. Mas a Constituição prevê três. Só que a "mídia" e os "influencers" não entendem
O Brasil, segundo está escrito na Constituição Federal, é uma democracia que funciona no regime tradicional de Três Poderes separados e independentes. Se são três, se são separados e se são independentes, é mesmo de se esperar que haja momentos e questões nos quais os seus membros tenham posições diferentes.
Se têm divergências entre si próprios, dentro de cada Poder, por que não teriam entre um e outro? Se fosse para estar todo mundo de acordo sobre todos os assuntos durante o tempo todo, então qual seria utilidade de Três Poderes separados? Ficaria muito mais prático – e muitíssimo mais barato – ter um Poder só. Mas não é assim que políticos, a mídia e os “influencers” encaram a coisa. A cada vez que Congresso e governo divergem, por exemplo, é imediatamente declarada uma “crise”.
Desse jeito dá uma crise a cada 24 horas, é claro, porque não é possível que 513 deputados, 81 senadores e um número desconhecido de ministérios e “secretarias especiais” (ninguém sabe exatamente quantos são os portadores de carteirinhas de “Excelentíssimo”) estejam de acordo sobre muita coisa.
No mínimo, vem a conversa de que há uma queda de braço, uma prova de força, um “round” disso ou daquilo – e alguém sempre tem de ganhar ou perder. E tome, a cada vez, uma pilha de editoriais e mesas redondas dizendo que “o clima” precisa melhorar, e que não se pode continuar assim.
Temos, agora, a crise do orçamento impositivo, a ser seguida pela do bolsa família. Tivemos a crise da reforma da previdência. Vamos ter a da reforma administrativa – e a da reforma tributária. Tudo bem. O mundo não vai acabar por nada disso.
J. R. Guzzo - Jornalista
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