Em Mateus, 5:44, Jesus nos diz: “Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”.
Sempre entendi esta passagem da Escritura como uma mensagem individual: se eu tenho um inimigo devo perdoá-lo. Nunca tinha pensado que este mandamento pudesse ser aplicado a toda uma nação. O STF me provou que o perdão deve ser estendido a todos os inimigos do país.
A magnanimidade e o espírito cristão de nossa suprema corte atingiram seu ápice quando, em nome de todos os brasileiros, perdoaram os maiores inimigos do povo, aqueles que roubaram as estatais, a saúde, a educação, a segurança, a merenda escolar e o futuro.
A nação que, não conseguindo entender a profundeza do ensinamento de Cristo, clamava por vingança contra aqueles que a delapidaram subtraindo-lhe até mesmo a esperança de um dia se tornar um povo decente, foi resgatada pela nossa suprema corte que, em seu nome, realizou o supremo ato de perdão.
Sinto-me libertado de meus pequenos ódios quando vejo o sorriso nos lábios de Lula, de José Dirceu, de Aécio Neves, dos petistas, pepistas, emedebistas, psolistas, peessedebistas, pecedobeistas e tantos empresários antes condenados e agora prestes a recuperar tudo o que confessaram e devolveram aos cofres públicos, todos perdoados pela suprema benemerência.
Mas, como reconhecem nossos supremos juristas e nossos supremos líderes legisladores, assim como os direitos constitucionais não são absolutos, parece-me que o mandamento cristão do perdão também não o é.
O grande perdão é para os grandes facínoras. Os pequenos infratores não fazem jus ao mesmo direito. Destruir a Petrobrás, por exemplo, merece o perdão cristão, mas falar mal de ministros do supremo extrapola completamente o mandamento. Quem pratica este tipo de injúria não merece qualquer perdão. Perdoar Lula é cristão, mas perdoar Osvaldo Eustáquio ou Daniel Silveira está fora de cogitação.
Fico pensando se Jesus Cristo pregaria o perdão aos inimigos se convivesse conosco nos dias de hoje, ou se agiria como Deus, no antigo testamento, mandando, simplesmente, exterminar todos aqueles que atravessassem seu caminho como está escrito em 1 Samuel 15:
“Então, disse Samuel a Saul: Enviou-me o SENHOR a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora a voz das palavras do SENHOR. 2 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. 3 Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos”.
E, hereticamente, imagino Jesus acrescentando: “Não façam mal algum àqueles que me chamaram de homossexual. Estes eu quero estraçalhar com minhas próprias mãos”.
Fabio Freitas Jacques - Engenheiro, consultor empresarial e autor do livro “Quando a empresa se torna azul – o poder das grandes ideias”.
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