Porventura
essa sábia concepção do filósofo aplicar-se-ia também aos “militares”? Cada
povo teria os “militares” que merece? Os brasileiros merecem ter os militares
que têm?
Quem
teve oportunidade de conviver ou acompanhar mais de perto, mesmo que através
dos meios de comunicação, especialmente a postura dos Presidentes do Regime
Militar, Humberto Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu
Médici e Ernesto Geisel, todos militares e extremamente reservados, até
circunspectos, deve levar um “choque” se
compará-los com o grupo de militares que
hoje comanda o Governo Federal, convidados pelo capitão Jair Bolsonaro, que
foi deputado federal durante 28 anos, e acabou sendo eleito Presidente da
República em outubro de 2018.
Enquanto
os generais-presidentes “fugiam” dos fotógrafos, jornalistas, e câmeras de
televisão, por terem personalidades significativamente “reservadas”, a grande
maioria da “tchiurma” de militares que passou a ajudar o Presidente Bolsonaro a
governar, bem como o próprio Presidente, vive se oferecendo, se
“prontificando”, junto à mídia, para serem fotografados e filmados, dando
“declarações” de todo o tipo. No geral, são extremamente mais “extrovertidos”
que os generais de 64.
Portanto,
uns eram “avessos” à mídia, outros a “adoram”, assumindo posturas de borboletas
deslumbradas sempre se deparam com ela. A exceção fica por conta de poucos
generais que mantém posturas parecidas com seus colegas da “antiga”.
Na
verdade, ”antes” os militares que governavam o país se “davam mais ao respeito”.
E se faziam respeitar pela imprensa. “Brincando” nessa democracia que os
políticos acabaram deturpando, mesmo ”avacalhando”, os militares de hoje deram
muita “confiança” à Imprensa, em grande parte “prostituída” pelos “esquerdopatas”,
que não raras vezes agem abusiva e desrespeitosamente com as autoridades
públicas, tudo ficando por isso mesmo quando invocam o pretenso (e falso) direito
“sagrado” à plena “liberdade de imprensa”, que muitas vezes confundem com
“libertinagem” e ” abuso-exacerbado-de-imprensa”.
Mas
não há como deixar de considerar que também as pessoas mudaram bastante nesses mais
cinquenta anos, do Regime Militar de 64, até hoje. Parece que os valores
pregados intensivamente pela esquerda desde 1985 acabaram surtindo os seus
efeitos nocivos e deixaram as pessoas bem mais “descontraídas”, menos
“circunspectas”, mais “tolerantes” com os absurdos e destruição dos valores da
própria sociedade, exatamente dentro da programação gramscista de instituir o
comunismo “corroendo” por dentro e por fora os valores da família e da
sociedade.
Parece,
por conseguinte, que seria necessário uma meia dúzia desses generais “estilo
64” para encabeçarem algum movimento efetivamente “revolucionário”, “renovador”,
“atropelando” essa democracia corrompida, e ao mesmo tempo estabelecendo um
novo “Estado-Democrático-de-Direito”, dando um” basta” definitivo nessa
caminhada do Brasil rumo a um abismo imprevisível.
Mas
não consigo definir com precisão se essa mudança de hábitos dos brasileiros e,
por conseguinte, também dos militares, nesses últimos 50 anos, teria sido uma
“evolução”, ou “involução”, especialmente no aspecto de caráter.
Mas
no mínimo de uma coisa podemos ter absoluta certeza: os militares de 64 eram bem
mais “machos” que os de hoje. A “coragem” dos modernos se restringe mais às
suas falas e “línguas”, que em muitas ocasiões tomam o lugar do cérebro para
“pensar”.
Tanto
isso é verdade que um só general, de “2º escalão”, Olímpio Mourão Filho, lá de
Juiz de Fora/MG, então comandando a 4ª Divisão de Infantaria, em março de 64,
teve o “peito” de colocar, ”no escuro”, as suas tropas na rua, com manifesto
objetivo de derrubar o então Governo Goulart, só recebendo “aderência” de
outros generais durante a sua marcha vitoriosa para o Rio de Janeiro. Ele foi o
“estopim” e o maior herói de 64, embora jamais tenha sido reconhecido como tal
no seu próprio “meio”.
Talvez
seja esse o principal motivo pelo qual os “políticos” atuais, de baixa
categoria, fabricados por “encomenda” de Antônio Gramsci, simplesmente se
“arrepiam” e ficam “nervosinhos” frente a qualquer menção a “64”, que efetivamente
jamais os tolerou.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado
e Sociólogo
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