segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Os militares reservados de 64 e os “descontraídos” de hoje ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira

O filósofo francês Joseph Marie de Maistre deixou imortalizada a frase “cada povo tem o governo que merece”.
Porventura essa sábia concepção do filósofo aplicar-se-ia também aos “militares”? Cada povo teria os “militares” que merece? Os brasileiros merecem ter os militares que têm?
Quem teve oportunidade de conviver ou acompanhar mais de perto, mesmo que através dos meios de comunicação, especialmente a postura dos Presidentes do Regime Militar, Humberto Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, todos militares e extremamente reservados, até circunspectos, deve  levar um “choque” se compará-los  com o grupo de militares que hoje  comanda o Governo Federal, convidados pelo capitão Jair Bolsonaro, que foi deputado federal durante 28 anos, e acabou sendo eleito Presidente da República em outubro de 2018.
Enquanto os generais-presidentes “fugiam” dos fotógrafos, jornalistas, e câmeras de televisão, por terem personalidades significativamente “reservadas”, a grande maioria da “tchiurma” de militares que passou a ajudar o Presidente Bolsonaro a governar, bem como o próprio Presidente, vive se oferecendo, se “prontificando”, junto à mídia, para serem fotografados e filmados, dando “declarações” de todo o tipo. No geral, são extremamente mais “extrovertidos” que os generais de 64.                                                                                       
Portanto, uns eram “avessos” à mídia, outros a “adoram”, assumindo posturas de borboletas deslumbradas sempre se deparam com ela. A exceção fica por conta de poucos generais que mantém posturas parecidas com seus colegas da “antiga”.
Na verdade, ”antes” os militares que governavam o país se “davam mais ao respeito”. E se faziam respeitar pela imprensa. “Brincando” nessa democracia que os políticos acabaram deturpando, mesmo ”avacalhando”, os militares de hoje deram muita “confiança” à Imprensa, em grande parte “prostituída” pelos “esquerdopatas”, que não raras vezes agem abusiva e desrespeitosamente com as autoridades públicas, tudo ficando por isso mesmo quando invocam o pretenso (e falso) direito “sagrado” à plena “liberdade de imprensa”, que muitas vezes confundem com “libertinagem” e ” abuso-exacerbado-de-imprensa”.
Mas não há como deixar de considerar que também as pessoas mudaram bastante nesses mais cinquenta anos, do Regime Militar de 64, até hoje. Parece que os valores pregados intensivamente pela esquerda desde 1985 acabaram surtindo os seus efeitos nocivos e deixaram as pessoas bem mais “descontraídas”, menos “circunspectas”, mais “tolerantes” com os absurdos e destruição dos valores da própria sociedade, exatamente dentro da programação gramscista de instituir o comunismo “corroendo” por dentro e por fora os valores da família e da sociedade.
Parece, por conseguinte, que seria necessário uma meia dúzia desses generais “estilo 64” para encabeçarem algum movimento efetivamente “revolucionário”, “renovador”, “atropelando” essa democracia corrompida, e ao mesmo tempo estabelecendo um novo “Estado-Democrático-de-Direito”, dando um” basta” definitivo nessa caminhada do Brasil rumo a um abismo imprevisível.
Mas não consigo definir com precisão se essa mudança de hábitos dos brasileiros e, por conseguinte, também dos militares, nesses últimos 50 anos, teria sido uma “evolução”, ou “involução”, especialmente no aspecto de caráter.
Mas no mínimo de uma coisa podemos ter absoluta certeza: os militares de 64 eram bem mais “machos” que os de hoje. A “coragem” dos modernos se restringe mais às suas falas e “línguas”, que em muitas ocasiões tomam o lugar do cérebro para “pensar”.
Tanto isso é verdade que um só general, de “2º escalão”, Olímpio Mourão Filho, lá de Juiz de Fora/MG, então comandando a 4ª Divisão de Infantaria, em março de 64, teve o “peito” de colocar, ”no escuro”, as suas tropas na rua, com manifesto objetivo de derrubar o então Governo Goulart, só recebendo “aderência” de outros generais durante a sua marcha vitoriosa para o Rio de Janeiro. Ele foi o “estopim” e o maior herói de 64, embora jamais tenha sido reconhecido como tal no seu próprio “meio”.
Talvez seja esse o principal motivo pelo qual os “políticos” atuais, de baixa categoria, fabricados por “encomenda” de Antônio Gramsci, simplesmente se “arrepiam” e ficam “nervosinhos” frente a qualquer menção a “64”, que efetivamente jamais os tolerou.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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