sexta-feira, 3 de abril de 2020

Os cafajestes da política ✰ Artigo de Sérgio Alves de Oliveira

“Os cafajestes” foi um sensacional filme (drama) brasileiro, produzido em 1962, escrito e dirigido por Ruy Guerra. Foi estrelado por Norma Benguel, interpretando “Leda”, que protagonizou o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, e mais Jesse Valadão (Jandir), e Daniel Filho (Vavá).
Foi um dos filmes brasileiros de maior bilheteria de todos os tempos, obtendo, durante os primeiros dez dias em que foi exibido nos cinemas, até ser cancelado pela censura, um público de dois milhões de pagantes. Após a censura, o filme foi liberado.
Jandir era um jovem carioca de origem humilde. Seu amigo Vavá, um “playboy”, dos mais “autênticos”. Ambos vivem no submundo das drogas e da exploração de mulheres, em Copacabana. Mas a situação de Vavá acaba se tornando crítica. Seu pai, um banqueiro, está prestes a falir. Para o folgado “playboy”, isso representaria também a “quebra” das suas generosas mesadas.
Durante um fim de semana, os dois amigos planejam chantagear o tio de Vavá, tirando fotografias comprometedoras de Leda (Norma Benguel), que era sua amante.
A seguir eles se dirigem à Barra da Tijuca, com Jandir dirigindo o carro, e Vavá escondido no porta-malas. Após a sessão de fotos, com Leda vestida só de “areia”, ela acaba sendo estuprada.
“Os cafajestes”, portanto, eram os “gigolôs” Jandir e Vavá.
Certamente, na década de sessenta, esse filme teve grande sucesso de bilheteria e despertou enorme curiosidade do público, em virtude do personagem “cafajeste” não ser nada comum na época, o que forçou o autor a fazer “milagres”, inúmeros “malabarismos”, e ter muita criatividade para construir os seus personagens “cafajestes”.
Mas passados 58 anos desse  filme, a riqueza dos novos “cafajestes”, dessa vez “reais”,  que surgiram nesse período , especialmente  dentro da política e dos Três Poderes da República Federativa do Brasil, forneceria, se fosse o caso, a Ruy Guerra, que escreveu e dirigiu “Os cafajestes”, uma gama infindável de “personagens” novos, mesmo um “exército” deles, e seu filme jamais teria o impacto e sucesso que teve antes, em virtude da “vulgarização” e “massificação” da “cafajestada”, das pessoas sem caráter, dos que se comportam de maneira vil, dos desprezíveis, e dos canalhas, que surgiram de lá para cá, e das suas tranquilas  acomodações na sociedade brasileira.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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