Agentes da Abin e oficiais do Exército apuram irregularidades em contratos no Ministro da Saúde
No Comitê de Crise criado no Palácio do Planalto para traçar estratégias de ação contra a pandemia do coronavírus, um grupo de servidores cumpre há dias uma missão classificada como sigilosa: revirar dezenas de contratos assinados recentemente pelo Ministério da Saúde com empresas prestadoras de serviço. Oficialmente, o objetivo é simplesmente verificar se os contratos estão em sintonia com as diretrizes e estratégias de combate à doença. A intenção real, porém, é outra. O grupo é integrado por espiões da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e militares do Exército e busca provas de irregularidades no Ministério da Saúde. Os alvos da investigação, em princípio, são dois ex-deputados do DEM, que centralizariam informalmente todas as grandes compras da Pasta. Não por coincidência, ambos, além de correligionários, também são amigos do ministro Luiz Henrique Mandetta.
Saiba logo no início da manhã as notícias mais importantes sobre a pandemia do coronavirus e seus desdobramentos. Inscreva-se aqui para receber a nossa newsletter
O baiano José Carlos Aleluia atualmente ocupa o cargo de assessor especial do ministro. O goiano Abelardo Lupion foi nomeado em março para a diretoria de Gestão, responsável por conduzir as tratativas da pasta com estados e municípios. Acusados na delação da Odebrecht de terem recebido caixa dois, ambos não renovaram seus mandatos. Com a escolha de Mandetta para o cargo de ministro, em janeiro do ano passado, os ex-deputados foram nomeados para ocupar os postos no ministério. Os agentes apuram informações sobre pagamentos suspeitos, contratos que foram firmados com empresas que não existem ou só existem no papel, liberação de recursos para prefeituras e cobrança de comissões. Algumas dessas investigações já estavam em andamento desde o ano passado, mas receberam uma atenção especial a partir do momento em que Mandetta entrou em choque com o presidente Bolsonaro. O Planalto pretende usar esses casos para constranger o ministro e forçá-lo a pedir demissão.
A ação para desconstruir a imagem de Mandetta é mais ampla. Além de suspeitas de irregularidades no ministério, o governo pretende apresentar o ministro como um gestor incompetente. Para isso, o grupo de inteligência do Planalto está reavaliando tudo o que o ministério tem feito até agora para combater a pandemia. Um servidor que teve acesso ao trabalho contou a VEJA que no dossiê que está sendo montado sobre o ministro há uma lista de erros administrativos e estratégicos. Um dos últimos casos citados envolve a compra de respiradores para atender aos hospitais de Manaus, que estão próximos do colapso. De acordo com esse servidor, os equipamentos chegaram à cidade, mas não puderam ser utilizados porque faltavam peças que não foram adquiridas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário