Nesse sentido, reportagem da Revista Crusoé aponta o ministro Gilmar Mendes como o homem disposto a enterrar a operação no Rio, da mesma maneira como fez para implodir a Lava Jato de Curitiba.
“Na última semana, Gilmar tratou de enterrar qualquer dúvida que pudesse haver sobre suas intenções. Durante o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro em um dos processos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Segunda Turma, ele pontuou, mais de uma vez, qual é seu próximo alvo: a ‘tal 7ª Vara do Rio de Janeiro’.”
É justamente a vara comandada pelo juiz Marcelo Bretas.
Gilmar afirmou que existe um ‘escândalo que ainda não veio à tona’ na 7ª Vara, aquela comandada por Bretas, e jogou no ar o nome de um jovem advogado investigado por ‘vender’ uma suposta ‘aproximação’ com os procuradores e o juiz da Lava Jato fluminense, o que poderia configurar crime de tráfico de influência ou exploração de prestígio.
“Não sei se já ouviram falar, senhores ministros, de um personagem que gravita por aí e que fez uma reclamação no STJ chamado Nythalmar. Um advogado que liderava as delações até um determinado momento e depois se tornou uma figura espúria.”
A origem dessa trama é um processo ético-disciplinar movido há dois anos por um grupo de advogados contra Nythalmar na OAB do Rio, por “cooptação indevida de clientes”.
A reportagem da revista também teria apurado que o advogado já recebeu ao menos uma oferta de dinheiro de uma pessoa interessada em destruir a Lava Jato fluminense, para delatar a força-tarefa ou o próprio Marcelo Bretas. Em paralelo, boatos envolvendo um suposto acordo de delação premiada de Nythalmar têm sido cada vez mais frequentes, alimentados por narrativas como as que foram alinhavadas por Gilmar Mendes na semana passada.
A revista revela ainda na matéria o seguinte:
“É difícil prever os próximos capítulos da trama. Mas é fato que o caso que nasceu de uma disputa entre advogados virou um prato cheio para Gilmar e Humberto Martins fustigarem – e procurarem destruir – a Lava Jato do Rio. Agora, com o auxílio das mensagens hackeadas dos procuradores do Paraná, que foram compartilhadas com o presidente do STJ naquele inquérito que ele abriu no mês passado para apurar a suposta tentativa da força-tarefa de “intimidar” os ministros da corte com investigações clandestinas. Se Humberto Martins tem interesse pessoal no caso em razão do envolvimento de seu filho na operação, Gilmar não fica atrás.”
E arremata:
“O ministro coleciona uma série de embates com Bretas, mandando soltar quem o juiz da 7ª Vara mandou prender. Entre os alvos estão pessoas do círculo próximo do ministro, como o empresário do setor de transportes Jacob Barata – Gilmar foi padrinho de casamento da filha dele, no qual o noivo era um sobrinho de sua mulher, a advogada Guiomar Feitosa Mendes. Barata foi preso duas vezes por Bretas e solto três vezes pelo ministro. Outro personagem que o liga às decisões de Bretas é o advogado Caio Rocha, filho do ex-presidente do STJ César Asfor Rocha e casado como uma sobrinha da mulher de Gilmar. Caio Rocha foi um dos denunciados na Operação E$quema S, em setembro passado, juntamente com outros advogados de peso, como Cristiano Zanin, defensor de Lula, e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, por supostos desvios da Fecomércio. Todo o processo foi suspenso por decisão de Gilmar.”
Nos dois casos – Jacob Barata e Caio Rocha - a suspeição de Gilmar foi requerida pelo Ministério Público, mas os pleitos nunca avançaram no STF.
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