A
polêmica declaração do vereador carioca, Carlos Bolsonaro, que quase fez cair “meio
mundo” sobre ele, de que “por vias democráticas, a transformação que o Brasil
quer não acontecerá com a velocidade que almejamos ”, e que causou críticas ou
constrangimentos de todos os lados, especialmente dos políticos, ESTÁ
ABSOLUTAMENTE CORRETA, pela sua CONCLUSÃO. Mas, por outro lado, está parcialmente
errada pelas PREMISSAS que ele utilizou para concluir o seu raciocínio.
Dentre
a “multidão” de críticos, que não perdoaram o vereador, despontam os
Presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, da Câmara, Rodrigo Maia, bem como o
próprio Vice-Presidente da República, General Hamilton Mourão.
Portanto,
o declarante recebeu “chumbo grosso” de todos os lados. E foi só por ele ter
falado a verdade. E essa verdade se tornou absolutamente intolerável e muito “inconveniente”
para muita gente, que bem sabe que o Brasil não vive numa autêntica democracia,
e que jamais viveu, mas tentam esconder essa realidade em proveito próprio, até
como forma de “sobrevivência” política, ou ignoram totalmente o que seja uma
autêntica democracia “pensando” que vivem nela... e “dela”!!!
E
falar a verdade muitas vezes é considerado “crime”. Isso ocorreu, por exemplo, na
Grécia Antiga - como hoje também está acontecendo no Brasil – durante o apogeu
da “Escola Sofista”, de Górgias e Protágoras. Falar a verdade na Antiga Grécia Sofista, era
crime muito mais grave que matar, roubar e estuprar. E foi nessa sociedade, moralmente
decadente, que surgiu o filósofo Sócrates, disposto a combater os sofistas, não
abdicando de falar a verdade. E por isso não o perdoaram. Foi preso e condenado
à morte, bebendo “cicuta”.
Mas
o primeiro erro de Carlos Bolsonaro está
em que com essa “democracia” da qual ele
fala, o Brasil não só não terá uma transformação “na velocidade que almejamos”,
como, mais que isso, não terá qualquer transformação, no sentido positivo, do
desenvolvimento moral, político, social e econômico, carcomido que está pela inversão de valores e pela corrupção
sem limites na política, que teve o seu apogeu com a ESQUERDA GOVERNANDO, no meio de uma democracia
degenerada que “suga” quase todas as energias e riquezas produzidas pelos
trabalhadores e empresários brasileiros.
O
segundo erro, mais grave ainda, e que causou enorme desconforto na maioria dos
políticos, e na própria mídia, é que no Brasil não se pratica, nem nunca se
praticou, nenhuma democracia, ou seja, jamais existiu uma democracia
verdadeira. Apesar dela estar prevista na Constituição e em todas as leis, nos
livros escolares, em todos os “manuais”, e na mente e boca de quase todo o
mundo, essa história do Brasil viver numa democracia é pura mentira. A “democracia”
brasileira está só no papel, não na vida política do seu povo. Por isso a declaração
de Carlos foi tão mal recebida. Na verdade, mesmo que ele não pretendesse esse
resultado, Carlos acabou desmoralizando essa “coisa” que chamam “democracia”, causando
todo esse alvoroço.
A
propalada “democracia” com que os contumazes delinquentes da política enchem o
peito para justificar a própria ascensão ao poder, na verdade não é, nunca foi,
e jamais será uma verdadeira democracia. Trata-se de uma democracia deturpada,
degenerada, corrompida. Não é democracia.
Em
“Política”, Aristóteles classificava as formas de governo em PURAS e IMPURAS.
As “puras” seriam a MONARQUIA (governo de um só), a ARISTOCRACIA (governo dos
melhores), e a DEMOCRACIA (governo do povo); as “impuras”, a TIRANIA, a
OLIGARQUIA e a DEMAGOGIA, que seriam, respectivamente, corrupções das formas
puras.
Seguiu-se-lhe
POLÍBIO (203 a.C-120 a.C), geógrafo e historiador grego, que substituiu a forma
impura de governo chamada por Aristóteles de “demagogia”, pelo que ele
denominou OCLOCRACIA, ampliando os vícios da democracia degenerada (demagogia)
preconizados por Aristóteles.
Segundo
Políbio, a OCLOCRACIA seria uma “democracia” meramente formal, sem qualquer “substância”,
enganosa, praticando-a a massa carente de consciência política, ignorante, alienada,
portanto presa fácil dos trapaceiros da política.
Mas
falar mal dessa “democracia”, como Carlos falou, se tornou um “crime”, algo
absolutamente inconcebível, um “pecado mortal”. Nenhum político desonesto
beneficiado por ela vai concordar ou gostar. As urnas, segundo esses “patifes”,
representariam a “vontade de Deus!!!
Finalizo,
observando que essa interpretação das palavras do vereador Carlos Bolsonaro, que
nem conheço, não significa de nenhuma forma qualquer juízo de valor sobre a sua
pessoa, ou a sua condição de político. Mas que essa sua “declaração” foi muito
oportuna, não resta qualquer dúvida. Os delinquentes políticos tiveram ataques
“histéricos” e acabaram mostrando as “garrinhas”.
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
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