Talento não precisa de culturocratas para nascer, crescer e vencer. A pasta deveria, na verdade, deixar de existir.
Noivados que duram muito – ou pelo menos aqueles do tipo antigo, que chegavam a demorar anos a fio, sem maiores inconvenientes para as duas partes – costumam ser uma mão na roda para os noivos. Têm, basicamente, uma grande vantagem sobre os noivados curtos: evitam que as pessoas se casem e com isso, para falar francamente, ambas acabam economizando um caminhão de problemas para si próprias.
O noivado do presidente Jair Bolsonaro com a atriz Regina Duarte, para ver se ela aceita ou não ser a nova secretária da Cultura (no tempo de Gilberto Gil, o posto era de ministro) é uma chance única para não casarem e continuarem bons amigos.
A atriz, convidada para o cargo logo após a demissão do seu infeliz antecessor, disse, no começo, que estava apenas “noivando”. Agora, passados uns dias (o equivalente a anos nos noivados da vida real), e um almoço com o presidente, continua a dizer que está “noivando”.
Vai aqui, então, uma sugestão: continuem noivos para sempre e, enquanto noivam, a Secretaria da Cultura fica sem dono. Aí, com um pouco de sorte, ela acaba morrendo de morte morrida. Já se tentou outras vezes, sem dar certo. Quem sabe desse jeito a coisa desata?
O Brasil não precisa de um Ministério, ou Secretaria da Cultura. Precisa, isso sim, salvar o seu belo patrimônio histórico e cultural das goteiras, incêndios, desabamentos, furtos e todo tipo de ruína em geral – e isso é garantido que o ministério ou a secretaria não fazem, nem vão fazer nunca.
Na verdade, a presença do Estado, principalmente quando envolve um negócio chamado “verba”, não é apenas inútil para a cultura – é um perigo. Deixem que o público responda, com o seu apoio voluntário, pelo sucesso cultural brasileiro. Talento não precisa de culturocratas para nascer, crescer e vencer.
J. R. Guzzo - Jornalista
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