Não
vai demorar muito e completarei os meus 80 “aninhos”. Durante todo esse tempo,
desde os 18, que era a idade mínima para possuir título eleitoral, jamais
consegui votar elegendo um candidato que realmente tivesse a minha admiração, no
qual eu confiasse e votasse com plena convicção e entusiasmo. Em todo esse tempo, ajudei a eleger somente
dois Presidentes da República, embora se eu pudesse ter escolhido outros nomes
para optar por um deles, talvez não fossem essas as “listas” que me impuseram. Então, tive que optar por algum candidato que
os partidos políticos “deformados” e a sua Justiça Eleitoral “cúmplice” me enfiaram
“goela-abaixo”.
Na
primeira vez em que compareci às urnas, com o título recém-saído do “forno”, acabei
“quebrando a cara”, pela minha inexperiência política, votando naquele “maluco”
do Jânio Quadros, que era a grande “novidade” daquele momento, a “esperança”, a
“vassoura, que iria varrer toda a sujeira política, mas que acabou frustrando o
povo brasileiro, não limpando coisa alguma, e causando inestimável prejuízo à
democracia com a sua estrambelhada renúncia, até hoje não bem explicada. Portanto,
ao invés de “varrer”, Jânio foi “varrido”.
Mais
de 50 anos depois, em outubro de 2018, voltei a eleger um Presidente, dessa vez
Jair Bolsonaro, mais com “animus” de derrotar o PT, do que qualquer outro
objetivo, porquanto era esse o candidato que mais representava, ou aparentava
ser, o “anti- PT”.
Portanto,
Jânio e Bolsonaro foram os únicos candidatos presidenciais que consegui eleger
em toda a minha vida “democrática” (???). Mas votei neles só porque não tive
outra escolha. Para mim, eles representavam não o “melhor”, porém o “menor
pior” da política.
Essas
experiências políticas que vivenciei, primeiro nos anos 60, depois em 2018, me
desafiaram a memória, e nela fui buscar situação semelhança descrita por Adolf
Hitler, na sua “Mein Kampf”. Esse livro foi escrito durante a sua juventude, enquanto
Hitler estava preso. Segundo o “Fuhrer”, no seu país de origem, que era a
Áustria, ”ERAM ATRAÍDOS PARA FAZER POLÍTICA A PIOR ESCÓRIA DA SOCIEDADE”.
Pois
bem, com absoluta certeza, foi muito mais por essa “infeliz” frase de Hitler, que
os políticos de todo o mundo passaram a odiá-lo, comparando-o até com o
“demônio”. O extermínio genocida de 6 milhões de judeus, que deveria ser o
motivo, sempre foi deixado num segundo plano.
Mas
esses mesmos políticos que condenam Hitler, mais pelas verdades ditas em
relação a eles próprios, do que propriamente pelo genocídio dos milhões de
judeus, ao mesmo tempo “poupam” os tiranos comunistas que deixaram um rastro de
morte com 100 milhões de pessoas assassinadas por onde passaram. Essa atitude
de muitos políticos são “dois pesos e duas medidas” muito difíceis
de explicar, a não ser por via da “canalhice”.
Todavia
a vitória de Bolsonaro, em outubro de 2018, lamentavelmente só conseguiu afastar - assim mesmo , muito de
“leve” - o domínio do PT , que governara à plenitude, de 2003 a
2016, e com grande influência de 2016 a 2018, do Governo Federal, e jamais do
ESTADO BRASILEIRO, não só à vista do aparelhamento de pessoal que o PT deixou
nos Três Poderes Constitucionais (Executivo, Legislativo e Judiciário), como
também nas disposições da própria Constituição de 1988, de inspiração
nitidamente esquerdista, e nas leis que
se seguiram.
Porém,
a vitória do “capitão não conseguiu desmanchar o Estado totalmente aparelhado que
fora deixado pelo PT, e que começou pelo “tripé”- CULTURA, EDUCAÇÃO, e
COMUNICAÇÕES - exatamente como concebido por Antônio Gramsci, na sua visão
comunista de tomada gradativa do poder.
E
para que o Presidente conseguisse esse “desmanche”, seria necessário apoio não
só do Poder Legislativo Federal, através das novas leis que deveriam ser aprovadas,
substituindo as “antigas”, mas também o “amém” do Supremo Tribunal Federal,
ambos, porém, lamentavelmente, “comparsas” do PT em tudo, mesmo que
“dissimulados”.
Então
como recurso extremo só caberia ao Presidente Bolsonaro recorrer à medida prevista
no artigo 142 da Constituição, a única que poderia desmanchar o
“aparelhamento”, o “estado-de-direito” totalmente viciado e corrompido, para
que desse lugar a um novo e legítimo “estado-democrático-de-direito”. Mas o
Presidente, e a seu “clã” de generais no Governo, lamentavelmente “amarelaram”.
Hoje
enxergo a (pseudo) democracia brasileira com muita clareza. Como um modelo totalmente falido. Tão falido
que os melhores governos que o Brasil teve não foram os escolhidos nas “urnas”
da sua “democracia”, porém por outros
métodos. Queiramos, ou não, por conseguinte, os melhores governos que o Brasil
teve coincidiram com o chamado Regime Militar, de 1964 a 1985. Em matéria de
infraestrutura pública, não dá nem para comparar. Os militares construíram mais
nos 21 anos dos seus governos do que todos os seus sucessores em 35 anos, ou
seja, até hoje. E para que não se interprete mal, não considero o Presidente
Bolsonaro um “militar” (que foi), e sim um “político”.
Então
passei a lembrar dos dizeres de um dos maiores filósofos que a humanidade já
teve, Aristóteles (384 a.C - 322 a.C), em “Política”, onde o pensador
preconizou que seriam válidas quaisquer das formas “puras” de governo, e que
essas seriam tanto a MONARQUIA, quanto a ARISTOCRACIA, ou a DEMOCRACIA. Todas, porém,
condicionadas ao exercício com VIRTUDE. É por essa simples razão que as piores
ditaduras, ou tiranias, podem acontecer usando democracia meramente como
“máscara”, ”capa”. A nossa “vizinha”
Venezuela é exemplo.
E
lamento dizer-lhes: creio ser esse o maior mal do Brasil. É justamente através
dessa “democracia” falsificada, que por isso se transformou-se em OCLOCRACIA,
que os bandidos, os ladrões, os canalhas e os patifes de toda espécie passaram
a dominar o povo brasileiro e a maioria dos seus governos, roubando-lhe as
riquezas e potencialidades.
Talvez
a mitologia possa enriquecer essa discussão. A fábula das rãs (de Esopo), que
exigiam um rei, pode servir como uma “luva”. As rãs moravam num charco, e se
queixaram para Júpiter da sua vida monótona, pedindo um rei. Júpiter atendeu,
jogando-lhes um pedaço de pau na água. De início as rãs se assustaram. Mas aos
poucos perceberam que o pau “não era de nada”, nem se mexia. Reclamaram
novamente a Júpiter, que dessa vez enviou-lhe como novo deus uma cegonha, que
passou a devorar todas as rãs, uma a uma. Moral da história: “satisfaz-te com a
situação atual, mesmo que seja má, porque uma mudança pode ocasionar coisa
pior”. Não foi exatamente isso que aconteceu na política do Brasil em 1985?
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
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