Depois de muito tempo sem ir além do entorno de meu bairro, tive que ir ao centro de São Paulo num cartório na Rua Conselheiro Crispiniano, e acabou sendo uma experiência deprimente.
Primeiro porque diante das lojas fechadas pelo lockdown estavam também as faixas de "Passa-se o ponto", "Aluga-se", "Vende-se", mostrando a real situação dos nossos comerciantes, pequenos e grandes. Segundo porque tive a sensação de que a miséria humana se espalhou por todo o centro, com os moradores de rua multiplicando-se por todo lado.
Aqueles que viviam do comércio informal vendendo café e bolos nas ruas, os camelôs de diferentes mercadorias, todos eles estão por ali agora como indigentes, já que não tem mais onde morar nem o quê e nem para quem vender. E a pandemia só cresce, não porque ainda há quem tenha emprego e tome sua condução diária. Estes não espalham o vírus porque usam a máscara. Estou com minha funcionária desde o começo trabalhando em minha casa, pegando trem e ônibus diariamente, e estamos nos cuidando para sermos saudáveis. O vírus se espalha em escala geométrica porque as comunidades e periferias têm leis próprias, lá o funk e o pancadão vão de quinta-feira a domingo, e os próprios moradores não podem reclamar porque o "dono" da região é do PCC e quem manda é ele. A Polícia Militar nem se mete mais a conter os eventos, já que na primeira investida nove jovens morreram pisoteados numa comunidade da zona sul de São Paulo colada ao Morumbi, porque não eram desta comunidade e desconheciam a "geografia" do local, se metendo num beco sem saída tentando fugir da polícia. Não houve tiros, mas a imprensa crucificou a PM pelas mortes. Então agora é assim... que os moradores da comunidade aguentem a festança, o barulho infernal, as drogas e o sexo rolando soltos, e que os moradores dos bairros vizinhos se conformem com a desvalorização de seus caros imóveis e com o barulho que compartilham à revelia de suas vontades.
Mas nos bairros nobres também há eventos ilegais, promovidos dentro de mansões vazias colocadas à venda (e são muitas), e aqui onde moro, onde os moradores ficam atentos, já fechamos 2 festas enormes. Mas isso é um pingo no oceano , e desse jeito, como conter o avanço do vírus ?
A Cracolândia é o exemplo maior da paralisia do Estado, aqui não se mexe com drogados, com miseráveis, com traficantes, com prostitutas, todos juntos e misturados numa visão dantesca do inferno. O máximo que a Prefeitura faz diariamente é passar o caminhão d'água e recolher o lixo fedorento que acumulam em 24 horas. Mas as empresas continuam fechando, o barco afundando e o governador com seus métodos científicos está levando o Estado mais rico do Brasil ao caos e à quebradeira geral. Se não for brecado, ele vai conseguir !
Acabem com pancadões, com cracolândias, ponham o exército na rua se preciso for, porque estamos em estado de guerra! E queremos trabalhar!
Mara Montezuma Assaf
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