sábado, 20 de março de 2021

São Paulo está quebrando, socorro! ✰ Artigo de Mara Montezuma Assaf.

Depois de muito tempo sem ir além do entorno de meu bairro, tive que ir ao centro de São Paulo num cartório na Rua Conselheiro Crispiniano, e acabou sendo uma experiência deprimente. 
Primeiro porque diante das lojas fechadas pelo lockdown estavam também as faixas de "Passa-se o ponto", "Aluga-se", "Vende-se", mostrando a real situação dos nossos comerciantes, pequenos e grandes. Segundo porque tive a sensação de que a miséria humana se espalhou por todo o centro, com os moradores de rua multiplicando-se por todo lado. 
Aqueles que viviam do comércio informal vendendo café e bolos nas ruas, os camelôs de diferentes mercadorias, todos eles estão por ali agora como indigentes, já que não tem mais onde morar nem o quê e nem para quem vender. E a pandemia só cresce, não porque ainda há quem tenha emprego e tome sua condução diária. Estes não espalham o vírus porque usam a máscara. Estou com minha funcionária desde o começo trabalhando em minha casa, pegando trem e ônibus diariamente, e estamos nos cuidando para sermos saudáveis. O vírus se espalha em escala geométrica porque as comunidades e periferias têm leis próprias, lá o funk e o pancadão vão de quinta-feira a domingo, e os próprios moradores não podem reclamar porque o "dono" da região é do PCC e quem manda é ele. A Polícia Militar nem se mete mais a conter os eventos, já que na primeira investida nove jovens morreram pisoteados numa comunidade da zona sul de São Paulo colada ao Morumbi, porque não eram desta comunidade e desconheciam a "geografia" do local, se metendo num beco sem saída tentando fugir da polícia. Não houve tiros, mas a imprensa crucificou a PM pelas mortes. Então agora é assim... que os moradores da comunidade aguentem a festança, o barulho infernal, as drogas e o sexo rolando soltos, e que os moradores dos bairros vizinhos se conformem com a desvalorização de seus caros imóveis e com o barulho que compartilham à revelia de suas vontades.
Mas nos bairros nobres também há eventos ilegais, promovidos dentro de mansões vazias colocadas à venda (e são muitas), e aqui onde moro, onde os moradores ficam atentos, já fechamos 2 festas enormes. Mas isso é um pingo no oceano , e desse jeito, como conter o avanço do vírus ?
A Cracolândia é o exemplo maior da paralisia do Estado, aqui não se mexe com drogados, com miseráveis, com traficantes, com prostitutas, todos juntos e misturados numa visão dantesca do inferno. O máximo que a Prefeitura faz diariamente é passar o caminhão d'água e recolher o lixo fedorento que acumulam em 24 horas. Mas as empresas continuam fechando, o barco afundando e o governador com seus métodos científicos está levando o Estado mais rico do Brasil ao caos e à quebradeira geral. Se não for brecado, ele vai conseguir !
Acabem com pancadões, com cracolândias, ponham o exército na rua se preciso for, porque estamos em estado de guerra! E queremos trabalhar!
Mara Montezuma Assaf

Nenhum comentário: