Entidade enumera pontos favoráveis para o avanço da economia, mas indica que paisagem política fragmentada dificulta construção do consenso por reformas-chave.
O crescimento da economia brasileira pode acelerar em 2020 e 2021 se a agenda de reformas continuarem a avançar avalia a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em novo relatório sobre as perspectivas nos principais países divulgados nesta quinta-feira em Paris.
A entidade prevê uma gradual recuperação no país, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passando de 0,8% neste ano para cerca de 1,7% em 2020-21, como já tinha mencionado em setembro. Em maio, a OCDE era bem mais otimista, prevendo expansão de 1,8% em 2019 e de 2,4% em 2020.
Considera que a inflação baixa, crescimento maior dos salários e melhoras nas condições de liquidez vão sustentar o consumo privado, enquanto condições financeiras favoráveis, maior confiança na economia e reformas estruturais são projetadas para apoiar os investimentos.
A entidade observa que a alta taxa de desemprego diminuirá lentamente, e a criação de novas vagas de trabalho é de baixa qualidade, com número desproporcional de vagas no setor informal da economia.
Quanto ás perspectivas físicas, a OCDE avalia que continuam sendo desafiadoras no país e que será crucial reformar os gastos obrigatórios. Aponta tendência de redução na qualidade dos gastos públicos. As despesas com seguridade social aumentaram principalmente para a classe média, deixando menos recursos para projetos sociais para camadas mais pobres da população.
Ao mesmo tempo, a entidade vê espaço para mais redução na taxa de juros no Brasil. Nota que a liquidez das famílias melhorou, mas que o crédito corporativo continua a declinar no país.
A OCDE aponta também riscos para a economia brasileira, principalmente relacionados à implementação das reformas. Observa que uma paisagem política fragmentada dificulta a construção do consenso político por reformas-chave.
Acredita que, sem uma diminuição dos gastos obrigatórios, a regra de controle do gasto público pode ser violada já em 2020, podendo resultar em maiores custos financeiros, perda de confiança, menos crescimento e possível retorno da recessão.
Alerta também que um agravamento da crise na vizinha Argentina poderia reduzir as exportações de manufaturados. Sua projeção, pelo momento, é de que a economia argentina passa de contração de 3% neste ano para contração de 1,7% no ano que vem.
De outro lado, a OCDE insiste que o avanço das reformas pode melhorar o ambiente de negócios e acelerar o crescimento na maior economia da América Latina. Constata que uma piora nas tensões comerciais globais pode desviar comércio em benefício do Brasil no curto prazo, mas ao custo de afetar futura demanda de importações a partir da China e dos Estados Unidos.
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