Ao
que tudo indica, o único tipo de corrupção no serviço público brasileiro que
não deixa nenhum rastro se verifica na PRIVATIZAÇAO DE ESTATAIS. E parece não
ser necessário nenhuma prova a adicional para confirmar essa realidade que não
seja a simples comparação entre os governos “tucanos”, de Fernando Henrique
Cardoso, de 1995 a 2003 (2 mandatos), e os governos do PT/MDB, de 2003 a 2018.
É
provável que o “rombo” deixado pelo PT/MDB nos cofres públicos tenha sido bem
maior do que o deixado pelo PSDB. Estima-se
que os primeiros assaltaram o erário em cerca de 10 trilhões de reais que, em
“trocadinhos”, significaria 10 mil bilhões de reais. Não é pouca “grana”. Esse
valor supera o PIB brasileiro.
Mas
parece que ninguém até hoje se interessou em fazer alguma estimativa da
roubalheira “tucana” nas suas privatizações. A Embratel, por exemplo, foi
“torrada” por 1,6 bilhões, e tinha mais que esse valor somente em satélites artificiais
de telecomunicações. Por isso a Embratel foi mais “doada” do que “vendida”. E
as outras tantas?
No
mesmo embalo da “privataria tucana”, a estatal gaúcha, Companhia Riograndense
de Telecomunicações - CRT, foi “torrada” por menos de 1 bilhão de reais, e
revendida, pouco tempo depois, por 5 ou 6 vezes mais, num negócio entre
“gringos”, sem que tenha havido nenhum investimento expressivo na “planta” telefônica
privatizada. Hoje o que era a CRT está integrado à “OI”.
Os
governos militares que tomaram o poder, a partir de 1964, organizaram e
regulamentaram as empresas paraestatais de direito privado (empresas públicas, sociedades
de economia mista, e fundações), a fim de que elas atuassem em áreas do
desenvolvimento que eram necessárias, mas que não eram atrativas às empresas
privadas, pela baixa lucratividade que ofereciam, e pelo interesse social que
objetivavam àcima de tudo.
O
“esqueleto” jurídico dessas organizações estatais surgiu com a edição do
Decreto-Lei Nº 200, de 1967, que tratou da então “reforma administrativa”, dando
plena autonomia a essas empresas, para que elas funcionassem como se empresas
privadas fossem, tanto que enquadradas na categoria de empresas de “direito
privado”. Essa inteligente medida deu-se em virtude da consciência dos
políticos e administradores públicos da época de que se fossem aplicadas a
essas empresas as rotinas do serviço público da Administração Direta, absolutamente
nada funcionaria direito. É por essa razão que essas empresas nem estavam
sujeitas inicialmente às normas das licitações públicas para obras, compras e
serviços.
Mas
bastou os militares entregarem o comando do governo aos políticos, em 1985, que
logo eles se encarregam de aniquilar o “espírito” das empresas estatais, ”aparelhando-as”
com administradores incapacitados, corruptos, “capachos” políticos, e empreguismo
sem limites, retirando toda a autonomia das empresas estatais para
transformá-las em meras (outras) “repartições públicas”, inclusive
sujeitando-as ao regime das licitações públicas, que sabidamente é a melhor
forma das empresas pagarem mais caro
pelas obras, compras e serviços que adquirirem. Essa realidade pode ser
verificada com muita facilidade, bastando comparar os “negócios” das empresas
privadas com os das estatais.
Será
que ninguém se deu por conta que praticamente toda a roubalheira, tanto da “privataria tucana”, quanto dos 10 trilhões
“desviados” pelo PT/MDB, deram-se à luz do “moralizador” Regime das Licitações, e
de outras leis também “moralizadoras”, que facilitaram tudo? E que só “pegaram” os corruptos do PT/MDB,
”livrando a cara” dos tucanos?
Na
verdade os políticos construíram todo um clima, frize-se, de uma situação que
eles mesmos criaram, no sentido de receberem apoio incondicional da opinião
pública para que se privatize “tudo”, que “existe”, e mesmo o que “não existe”,
”incondicionalmente”.
Tudo
isso me “cheira” evidências da perspectiva de volta da roubalheira pela via das
“´privatizações”, que novamente seria “legalizada”, como antes já o foi, na
“era tucana”, dentro dos “conformes” das leis que regulam as licitações
públicas e venda de estatais.
Na
verdade nada tenho contra privatizações. Até acredito que as empresas funcionam
melhor em mãos da iniciativa privada. Mas não posso concordar com a roubalheira
nas privatizações. E nada justifica a entrega de empresas estatais em
“quase-doação”, mascarada com os subterfúgios da SUBAVALIAÇÃO, seguida de generosas
propinas de “agradecimento”.
Mas
o PT/MDB também “avançou” no que não era seu, ou seja, no erário, não perdendo
muito para o PSDB, na questão das suas “privatarias”, ao lado das “outras”. E
maior prova que a roubalheira nas privatizações não deixa nenhum rastro, é que
pelas suas privatarias ninguém, ninguém mesmo, do PT/MDB foi pego pelas
diversas operações da Polícia Federal.
Sérgio
Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
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