segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Seremos múltiplos? ✰ Artigo de Fábio Jacques

Se ninguém sabe explicar como é, me dou o direito de especular a respeito. Gosto de contestar o Princípio da Autoridade e pensar por mim mesmo.
O que é a vida? O que é o espírito? O espírito tem vida própria? Qual a interdependência do corpo com a mente? Será o cérebro um grande computador operado por alguma entidade espiritual?
Ninguém tem respostas definitivas para estas questões, e, portanto, qualquer elucubração sobre o tema permanece válida.
Eu tenho minhas próprias ideias a respeito, e desde já alerto que pouco estudei sobre psicologia e nada sobre psiquiatria. Minha ignorância é praticamente absoluta.
Desconheço a originalidade destas ideias porque nunca pesquisei a respeito, mas me parecem plausíveis e podem explicar muitas coisas até hoje, para mim, obscuras. Se alguém conhecer algum autor que tenha discorrido sobre o tema, por favor me indique.
Vamos lá.
O cérebro humano nada mais é que um processador altamente sofisticado com velocidade de processamento quase infinita e memória capaz de armazenar “zilhões” de informações. Para que funcione, o organismo tem que estar vivo e contar com “alguém” que o comande. A interdependência entre a máquina cérebro e o agente operador é total.
Agora a ideia, talvez um tanto quanto maluca: não há apenas um operador para cada cérebro e sim vários. Não falo de TDI, mas de entidades autônomas. Todos somos habitados por várias entidades. Na verdade, somos múltiplos.
Estes operadores disputam entre si a predominância pelo posto de controlador das ações o que leva a algumas situações peculiares:
Se um destes personagens for muito dominante, os demais não conseguem se manifestar. A pessoa habitada por esta entidade muito forte, sempre apresenta grande poder de decisão, não demonstra ter muita consciência porque nenhuma outra entidade consegue contrapô-la, não tem muitas dúvidas sobre o que faz ou decide fazer. Para ela não existem portas fechadas.
Quando duas ou mais entidades são igualmente dominantes, a pessoa se torna indecisa. Passa noites discutindo consigo mesma, condenando-se por atitudes tomadas e procurando se convencer de que agiu corretamente. Os conflitos de consciência se devem aos embates entre as entidades dominantes que ficam tentando desestabilizar umas às outras para tomar o controle das operações. – Eu não devia ter feito ou dito aquilo. – Agora está feito. – Mas não deveria ter feito. – Mas não dá mais para voltar atrás. – Mas devia ter pensado melhor. E assim por diante.
Quando duas ou mais forem extremamente dominantes, pode-se, eventualmente, observar a passagem do controle de uma para outra manifestando-se nos conflitos conhecidos como múltiplas personalidades. Ora a pessoa age de determinada maneira, ora age de forma completamente diferente. Melanie Goodwin é um exemplo de convivência com múltiplas entidades completamente diferentes entre si, com experiências próprias e até mesmo com idades diferentes.
Há inúmeros casos nos quais algum trauma transforma completamente a pessoa, mudando seu modo de agir ou revelando características completamente desconhecidas.
Derek Amato bateu com a cabeça no fundo de uma piscina e se tornou um grande pianista. Jason Padgett sofreu um golpe na cabeça em um assalto e se transformou em um gênio matemático que visualiza equações matemáticas e fractais em tudo o que olha. Ele tem uma habilidade única de desenhar à mão figuras fractais sofisticadíssimas.
Algumas pessoas simplesmente sofrem um “estalo” e passam a agir de forma diferente e a manifestar características até então desconhecidas.
Algumas vezes, frente a uma situação inusitada, a pessoa pode sofrer um bloqueio ficando como que paralisada em função da disputa entre duas entidades que pensam de forma completamente diferente sobre o tema em questão e que, não chegando a um acordo, paralisam as ações da pessoa.
Eventualmente alguma entidade externa pode passar a fazer parte da coletividade interior assumindo momentaneamente ou até permanentemente o controle das ações. São os casos de incorporações ou de possessões. Dependendo das características da nova entidade dominante, a pessoa pode passar a agir maligna ou benignamente. Às vezes é necessário praticar o ritual do exorcismo para expulsar a entidade estranha. “Como é teu nome, perguntou Jesus, e ele respondeu, meu nome é Legião, porque somos muitos”. Vade retro.
Quando nenhuma das entidades originais é predominante, a pessoa demonstra características de falta de vontade própria. O dominante é fraco, mas os demais são mais fracos ainda.
Em algumas situações é possível perceber a atuação das diferentes entidades. Uma pessoa presa em um elevador pode passar a discutir consigo mesma. Uma entidade diz que a pessoa tem que sair imediatamente do ambiente fechado enquanto outra lembra que ninguém fica eternamente preso em um elevador e que logo alguém o livrará desta situação. Pode até se ouvir uma dizendo: calma, fica frio, logo se resolverá este problema, ao mesmo tempo que outra fica insistindo que o problema é insolúvel e catastrófico.
Quando dramas de consciência assolam a pessoa, se a entidade que se achar com mais razão disser à outra para se calar, o problema se atenua e pode até ser resolvido. Dizer: agora está feito e não adianta querer voltar atrás, portanto, cale-se, pode acabar com a insônia e devolver à pessoa um sono reparador. Popularmente se diria que é ligar o “foda-se”.
Até mesmo os tratados de autoajuda parecem ser tentativas de consolidar a dominância de uma determinada entidade. Convença-se de que você pode, você é forte, você consegue alcançar tudo o que quiser. Você é o cara. Não se deixe levar por “aqueles” que tentam jogá-lo para baixo.
Tudo isto pode ser uma perfeita bobagem fruto apenas de uma mente imaginativa e ignorante, mas se olharmos sem paixão e com a liberdade de quem ousa contestar a autoridade sobre o assunto, pode até fazer algum sentido. E até mesmo apresentar uma explicação mais simples e razoável para inúmeros fenômenos muito discutidos e nunca solucionados.
E, finalmente, resta a pergunta: quem somos nós?
Somos a manifestação de alguma ou de várias destas entidades que são as operadoras do hardware que é o nosso cérebro e que, na sua essência, formam o conjunto daquilo que conhecemos como nós, seres humanos inteligentes, dotados de características peculiares e de vontade própria.
Fábio Jacques - diretor da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras 

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