Essa é uma das características mais notáveis do mundo político brasileiro, tal como ele é descrito hoje para o público, ironiza J. R. Guzzo
Uma das características mais notáveis do mundo político brasileiro, tal como ele é descrito hoje para o público, é que o governo perde todas as votações no Congresso — todas, sem nenhuma exceção, nunca. É curioso.
Como um governo, qualquer governo, poderia sobreviver nessas condições? Mais curioso ainda: a oposição, que não chega a ter 20% dos votos na Câmara dos Deputados, teria aprovado exatamente o que ao longo deste ano — e derrotado exatamente qual projeto do governo, já que vota contra todos, sem distinção?
Enfim, é impossível saber como o governo pode perder todas as votações se já ganhou diversas, comprovadamente. Uma delas, só para citar um detalhezinho: a reforma da Previdência, que jamais governo algum conseguiu aprovar, embora todos tentassem.
É de fato um fenômeno: o governo perde umas e ganha outras, mas mesmo quando ganha ele perde, segundo as análises feitas pelos doutores em ciência política em atividade na praça.
Na reforma da Previdência, por exemplo, o governo perdeu. Como assim, se o seu projeto foi aprovado? Não, senhor: quem ganhou foram os deputados que aprovaram a reforma. É a mesma coisa quando um projeto do Executivo vence, mas há alguma emenda feita no plenário — mesmo que a emenda mude pouca coisa, ou não altere o essencial, sai que o governo “foi derrotado”.
A solução para isso? Olhar para o placar do resultado, e não para a análise dos especialistas.
J. R. Guzzo - Jornalista
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